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"Meu trabalho tem tudo a ver com o movimento dos 'coletes amarelos'", diz artista Zéh Palito

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Prestes a realizar sua maior exposição, com 40 obras expostas em Paris, o artista Zéh Palito terá que aguardar mais alguns meses. Inicialmente prevista para acontecer em 8 dezembro, a exibição teve que ser remarcada para dia 9 de fevereiro de 2019, após a decisão do espaço artístico de não abrir durante as manifestações dos “coletes amarelos”. Apesar da espera, o paulista gostou de vivenciar esse momento na capital francesa.

O artista Zeh Palito, conhecido mundialmente por seus murais
O artista Zeh Palito, conhecido mundialmente por seus murais RFI /Stephan Rozenbaum
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“A experiência de estar em Paris está sendo incrível. Tive que mudar a data da minha exposição, mas eu não encarei isso como um problema, porque acredito que os protestos têm validade e fundamento. No meu trabalho eu falo sobre as minorias étnicas e tem tudo a ver com os protestos estarem acontecendo agora, então não teria como eu ser contra isso”, explicou Zéh Palito nos estúdios da RFI. “Para mim, é só a data que mudou, mas os trabalhos vão ser os mesmos, com o mesmo foco. Sempre tentando levar uma mensagem de paz, amor e liberdade, que é o que as pessoas querem, elas protestam para isso também”, afirmou o artista.

É com o sorriso estampado no rosto que o artista, nascido em Limeira, no interior de São Paulo, fala de seu trabalho. “O evento será uma exposição minha, individual. O espaço chama La Cartonnerie. É um espaço bem grande. São três andares, onde serão dois de exposição, com 40 obras minhas, o que representará minha maior exposição individual”, contou.

52 países

De fato, a exibição de Zéh Palito em Paris é quase uma exceção. O artista, que ficou conhecido no meio da arte mural, aceita estar presente em poucas exposições e prefere rodar o mundo. 52 países já receberam a sua arte. “Tudo aconteceu de forma natural. Comecei pintando no interior de São Paulo. Depois, passei a pintar em cada vez mais lugares diferentes. Com isso, os convites começaram a surgir. Embaixada de Belarus, a do Brasil no Haiti, no Japão, na Coreia. As pessoas queriam levar um pouco desta arte do Brasil para esses outros lugares. Porque eu acho que minha arte tem muito do Brasil. E arte pública é uma forma de você democratizar a arte e levar um pouco do Brasil para vários lugares”, explicou.

A capital paulista foi de onde veio a principal inspiração. “Como eu nasci em uma cidade pequena, que é Limeira, eu não via tanto muralismo por lá. Mas em São Paulo, foi onde me aproximei deste tipo de arte. Ver aqueles murais gigantes me fez perceber que eu poderia passar a pintar em um muro aquilo que eu costumava fazer em uma tela, atingindo mais pessoas. E seria como se a parede fosse uma tela, e as ruas fossem uma galeria”, compartilha Zéh Palito. “E isso me empolgava, até que eu passei a sempre querer fazer minha arte em paredes cada vez maiores e em lugares diferentes. Disso veio a paixão por viajar e pintar em lugares que ninguém poderia imaginar”, afirmou.

Maior arte mural da Síria

“Três experiências me tocaram demais. A primeira foi na África, quando eu morei 6 meses na Zâmbia, onde fui voluntário na área de água e saneamento. No fim de semana eu fazia murais, sem cunho financeiro nenhum. Eu pegava minhas tintas e pintava no meio dos vilarejos. Essa foi uma experiência que me marcou muito. Outra foi pintar na Síria, num país em guerra. Junto com um amigo [o artista Rimon Guimarães] pintamos o maior mural da Síria. Essa experiência também foi muito forte, porque enquanto eu pintava, lembro que havia barulho de bombas o dia inteiro, com aviões passando. Foi uma experiência muito doida”, contou Palito.

“Outra experiência que me marcou muito foi pintar nos Estados Unidos. Porque o mercado de arte está lá e para minha carreira foi muito importante. São três experiências que talvez não tenham nada em comum, mas foram três que me fizeram crescer, como pessoa e como artista. Pelo fato de Nova York ser o lugar onde tem mais arte e onde mais valoriza, na Síria pelo fato da guerra e na África, na Zâmbia, por ser um lugar que não tem esse tipo de arte e ter um estilo de vida totalmente diferente”, finalizou o paulista.   

 

 

 

 

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