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Exclusão do português em exame de entrada na universidade na França gera protestos

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Uma reforma proposta pelo ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, pode reduzir o interesse e a difusão da língua portuguesa na França. Contra a medida, a ADEPBA (Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses, Brasileiros, da África e da Ásia Lusófonas), que luta desde os anos 1970 pela defesa do português no país, já lançou um abaixo-assinado e promete se mobilizar ainda mais. A RFI conversou com o secretário-geral da organização, Antonio Oliveira, que pediu apoio dos brasileiros em sua ação.

António Oliveira, secretario de associação que luta pela difusão do português, fala sobre recuo do ensino da língua na França
António Oliveira, secretario de associação que luta pela difusão do português, fala sobre recuo do ensino da língua na França RFI
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A ADEPBA foi criada em 1973, época em que houve a introdução do português no sistema educacional francês – ou seja, a associação acompanha a língua na França desde o início, como afirma Antonio Oliveira. “O que acontece atualmente é que, para a prova final do Baccalauréat [exame do ensino médio francês], só quatro línguas foram escolhidas: inglês, espanhol, alemão e italiano”, explica.

“A resposta do governo é que são países vizinhos da França. Mas eles se esquecem de um dado muito importante: a maior fronteira que a França tem é com o Brasil”, lembra Antonio Oliveira, fazendo referência à Guiana Francesa, na América do Sul. “Nesse caso, o português deveria ser incluído nas provas.”

O maior receio da ADEPBA é de que ocorra uma forte diminuição no interesse dos estudantes pela língua portuguesa, já que ela não está entre as provas do “Bac”, que é considerado o grande exame antes da entrada na vida universitária e que tem consequências importantes na carreira dos jovens franceses. “Hoje temos 30 mil alunos estudando português na França, o que é relativamente pouco. E, com a reforma, pode diminuir”, alerta Antonio Oliveira.

Combate à discriminação linguística

A escolha por valorizar quatro línguas específicas e deixar de lado todas as outras, vistas como “raras” ou “exóticas”, é uma forma de preconceito, segundo Antonio Oliveira. “O chinês, o árabe, o polonês ou o russo não têm o mesmo valor. Existe uma discriminação que não se justifica. O exame nacional deve ser justo e não discriminatório.”

Em resposta à reforma, o presidente da ADEPBA, Christophe Gonzalez, escreveu ao ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, criticando a forma como o português estava sendo tratado. Além disso, foi lançada uma petição online que conta com mais de 5 mil assinaturas.

Gostaríamos que os países lusófonos, como o Brasil, evidentemente, se implicassem. Pode parecer que o ensino português na França seja algo distante, mas acho que é importante, porque há acordos bilaterais entre Brasil e a França. Na escola internacional da cidade de Noisy-Le-Grand há uma seção de Português do Brasil”, argumenta Antonio Oliveira.

Veja a entrevista completa:

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