Artista plástica radicada na França, Janice Melhem Santos exibe coletânea de obras
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A exposição “Le fil tenu” (O fio tênue, em tradução livre) apresenta na prefeitura de Saint-Mandé, na região parisiense, um conjunto de cerca de 30 obras realizadas pela artista brasileira Janice Melhem Santos.
Nascida na Bahia, mas com passagens por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília, Janice é formada em História e Arquitetura, opção que a direcionou às artes plásticas. Radicada na França desde 1986, ela desenvolveu seu trabalho com diferentes técnicas e suportes.
Para esta exposição, ela recolheu obras de diversas fases da carreira, incluindo pinturas, gravuras e objetos de suas pesquisas atuais. A ideia inicial era expor somente peças recentes, mas uma viagem de quatro meses ao Brasil a fez mudar o foco da exposição. “Resolvi recuperar trabalhos que fiz nos últimos anos junto com trabalhos atuais e tentar descobrir a linguagem que ligava um trabalho ao outro e a quem os observa”, explica.
A pintura, seu trabalho mais ativo, tem o maior destaque no espaço. As obras selecionados são frutos de suas investigações sobre a superposição de materiais. “A pintura me levou à reflexão das camadas sobre camadas. Dessa reflexão, comecei a decompor a própria pintura, transformá-la em malhas e depois construí-las no próprio tecido da tela, que é a última fase”.
Para Janice, esse entrelaçamento de materiais está na origem da linguagem própria que desenvolveu. “Sempre a malha apareceu em algum momento no meu trabalho. Com essa exposição, percebi como isso era constante no meu vocabulário”, afirma.
Dos objetos selecionados para a exposição, Janice optou por trabalhos feitos com três elementos e formas que considera importantes: a casa, o labirinto, e grades.
“A casa é o elemento que recolhe, contém, é o íntimo”, justifica. “O labirinto é uma forma que sempre me intrigou, aparece em diferentes culturas no mundo, desde a Antiguidade até o mundo contemporâneo. Ele é interessante porque faz alusão à prisão e liberação”, disse.
Sobre as grades, a artista se interessa pelas tramas indefinidas, que formam outras grades que se estruturam e “mantêm uma unidade, um pensamento, uma cultura”.
Radicada há 33 anos na França, Janice Melhem Santos comentou na entrevista à RFI a experiência de viver e trabalhar em uma das principais vitrines mundiais da arte.
“Por um lado, é muito estimulante porque você está em contato com tudo o que acontece com arte no mundo, antigo, moderno e contemporâneo. Por outro lado, é extremamente difícil porque é uma competição com os melhores do mundo", afirma.
"Existem milhões de artistas no mundo inteiro e muitos querem se apresentar e viver em Paris. Esses dois lados provocam uma riqueza do lugar. Não é a praça mais atual do mundo, pois tem Londres, Berlim e outras capitais que são dinâmicas. Mas todo mundo tem que ‘acontecer’ em Paris”, conclui.
A exposição “Le Fil tenu” pode ser vista até o dia 17 de setembro na prefeitura de Saint-Mandé.
Clique abaixo ver a íntegra da entrevista em vídeo
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