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Revelação do violão brasileiro, João Camarero leva sofisticação do choro a plateias europeias

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Aos 29 anos, o paulista João Camarero carrega a responsabilidade de ser uma das revelações do violão brasileiro. Se ele queria ser baterista da banda de rock do irmão mais velho, seus interesses hoje são outros, com um foco especial no repertório de choro brasileiro. Integrante do mítico conjunto "Época de Ouro", de Jacob do Bandolim, e vencedor do prêmio Mimo Instrumental, em 2015, ele completa agora uma turnê solo por várias capitais europeias. Entre elas, Paris, onde Camarero conversou com a RFI.

O músico João Camarero, considerado uma revelação do violão brasileiro.
O músico João Camarero, considerado uma revelação do violão brasileiro. RFI
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"Tenho mesmo essa sensação muito grande de responsabilidade, porque encaro a música de uma maneira muito séria", diz João Camarero. "É um privilégio ter essa beleza toda na nossa cultura, e uma história, uma tradição tão bonita [o choro]. Nasci em Ribeirão Preto, mas logo me mudei para Avaré, também no interior de São Paulo, onde entrei em contato com o choro, com o samba e com a seresta, através de uma roda de choro tradicional", conta.

No entanto, o violão não foi o primeiro instrumento de João Camarero. "Na verdade, sempre tive muito contato com música. Estudei um pouco de piano quando era pequeno, e depois toquei bateria. Meu irmão mais velho tinha uma banda de rock e meu sonho era entrar na banda dele", diverte-se. 

"Toquei bateria dos 11 aos 13. Mas quando pego o violão, aos 15 anos, eu já estava muito mais interessado nesse repertório brasileiro, muito mais do que no rock", lembra. "O choro é uma música extremamente rica, sofisticada. A gente tem a impressão do choro ser um gênero antigo, há uma tendência a pensar que ele seja uma coisa ultrapassada. O choro é uma música viva e pulsante, tem a sofisticação de uma música de concerto, com o sabor de uma música popular", analisa.

Violão clássico

"Isso é uma das coisas que mais me atrai, fora o ambiente, a roda de choro, o encontro, a música coletiva", lembra o violonista. Apaixonado pelo violão clássico, do qual aprecia o repertório e a sonoridade, João admira a "concepção de som", que emana deste tipo manejo e tradição. "A dieferença para o violão popular é estética, mas também de sonoridade", explica.

"A escola clássica, eu acho, preza muito mais por uma qualidade de som, intepretativa, que às vezes passa um pouco batida no [violão] popular, que preza mais espontaneidade e por uma leveza", diz.

"As duas escolas se complementam de uma maneira incrível. É muito bom ter uma formação popular, como é a minha, da roda de choro, e posteriormente estudar a técnica, a maneira de pensar do violão clássico, que trouxe muita coisa interessante para a música. E vice-versa, pessoas com formação mais clássica,", relata Camarero.

Quanto à fazer parte do grupo criado por Jacob do Bandolim, João Camarero considera "uma honra". "É o grupo mais antigo de choro do Brasil. É um conjunto que sempre foi referência para mim. Quando eu comecei a tocar eu ouvia muito, eu aprendi tudo de choro ouvindo esse conjunto e, há pouco tempo atrás, o Jorginho do Pandeiro, da formação original, faleceu, e os filhos dele me convidaram para fazer parte. Apesar de seguir uma carreira de solista, não deixo de participar do Época de Ouro, gosto muito de acompanhar e participar", diz.

Para ouvir a íntegra da entrevista, clique no vídeo abaixo

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