Palcos europeus recebem pela primeira vez a música-poesia de Arthur Nogueira
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Arthur Nogueira inaugura uma nova geração de músicos poetas. Ou seriam poetas músicos? Herdeiro do legado brasileiro edificado por nomes como Vinícius de Moraes e Tom Jobim, o paraense de Belém, que já levou suas composições ao Rio de Janeiro e a São Paulo, ganha agora os palcos europeus em sua primeira turnê pelo velho continente.
Andréia Durão, colaboração para a RFI Brasil
Os públicos de Paris, Londres e Berlim são convidados a conhecer seu mais recente lançamento, “Coragem do Poeta”, quinto disco de sua carreira.
No novo disco, um EP de voz e violão, o artista exalta em suas interpretações aqueles compositores que, em sua opinião, o formaram, e que são uma representação da grandiosidade da música brasileira. Ao mesmo tempo, “Coragem do Poeta” é uma seleção pessoal e despretensiosa da “memória afetiva” de Arthur Nogueira.
“É curioso, pois foi um projeto que eu pensei para mim mesmo, a princípio. Fui sozinho para o estúdio com meu violão. E o trabalho está tendo uma repercussão inesperada. Nunca imaginei que eu estaria um dia aqui em Paris, sozinho, com meu violão, minhas canções e as canções de quem eu gosto”, admite ele.
Ainda que seja uma primeira turnê internacional, o público europeu não intimida o cantor, que conta que as apresentações recentes no Brasil, em Belém e no Rio de Janeiro, foram uma boa prévia da ótima receptividade do seu projeto. “Eu estou feliz. Para mim é uma celebração, uma celebração da minha carreira e das coisas que eu já tive o prazer de realizar”.
Referência culturais
Em uma vasta e sofisticada seleção de referências culturais para sua obra, em que figuram grandes nomes da música e da poesia brasileiras e estrangeiras, tem peculiar lugar de destaque o poeta Antonio Cícero, por quem Arthur sempre nutriu grande admiração e quem viria se tornar, mais do que um parceiro, um grande amigo do cantor.
“Com 13 ou 14 anos eu ouvi Inverno, que eu acabei gravando depois, que é uma música dele (Antonio Cícero) com a Adriana Calcanhoto. Em seguida descobri a obra dele com a Marina Lima, e também como poeta e filósofo. Quando eu tinha uns 15 anos, ele foi a Belém para o lançamento de um livro, e eu pedi que o meu pai me levasse no evento. Antonio Cícero foi super receptivo, trocamos e-mails, passamos a nos corresponder. Quando enfim eu me mudei para o Rio de Janeiro, isso se tornou uma parceria de fato”, lembra. “O Cicero para mim se tornou um amigo, e eu tenho orgulho de dizer isso”.
A mesma obra de Arthur, que reforça e amplifica a diversidade e a intensidade da música brasileira para o mundo, faz também o caminho inverso, acolhendo artistas estrangeiros. Ele musicou inclusive poemas de autores internacionais pouco conhecidos no Brasil como a ucraniana Rose Ausländer e do sírio Adonis.
“É uma resistência. A poesia é um gênero muito difícil de ser reconhecido. E eu acredito na poesia como algo que pode mudar o mundo. Quando a gente lê um poema, a gente acessa um outro tempo, um tempo da sensibilidade e da beleza que eu julgo necessário”, acredita o compositor.
Abaixo, a íntegra da entrevista em vídeo
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