G20 poderá intervir se alta dos preços de cereais permanecer
A tensão nos mercados agrícolas devido à seca nos Estados Unidos pode levar o G20 a realizar uma reunião de emergência do Fórum de Reação Rápida, uma instância do G20, no início de setembro. A entidade atualmente é presidida por Paris.
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Há várias semanas, os preços das matérias-primas se elevaram em boa parte do planeta após a forte seca que atinge os Estados Unidos e a Rússia, dois grandes produtores mundiais. Em junho, o preço do trigo subiu 19% e o do milho 23%, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A alta lembra a registrada em 2008, quando distúrbios ocorreram nos países importadores mais pobres africanos devido às dificuldades em comprar alimentos básicos.
A maior diferença em relação à época dos “distúrbios da fome” é que, em 2008, havia uma grande quantidade de estoques de arroz e trigo, grãos essenciais para a segurança alimentar mundial. Essa situação não acontece hoje.
Na sexta-feira, o departamento americano de Agricultura abaixou as previsões de produção mundial de trigo para a safra deste ano, enquanto que a colheita de milho é a menor dos últimos seis anos. A situação levou o presidente Barack Obama a exortar o Congresso a adotar um projeto de lei para ajudar os produtores rurais do país afetados pela seca.
Diante deste quadro, uma teleconferência será feita no final do mês entre a França, os Estados Unidos – que sucedem os franceses na presidência do Fórum de Reação Rápida a partir de outubro – e o México, que exerce a presidência rotativa do G20, para determinar a necessidade de uma reunião de urgência do grupo de países mais ricos do mundo.
Este fórum, instaurado em 2011, reúne os maiores produtores agrícolas do planeta e oito dos países mais importadores – Espanha, Egito, Nigéria, Tailândia, Filipinas, Paquistão, Bangladesh e Cazaquistão. A instância foi criada para oferecer uma resposta coordenada em caso de forte tensão nos mercados, para evitar reações unilaterais que pudessem agravar a situação. Isso ocorreu em 2010, quando a Rússia interrompeu abruptamente suas exportações de trigo, causando transtornos mundiais para os compradores do cereal.
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