OIE mantém status de "risco insignificante" de vaca louca na carne brasileira
O comitê científico da Organização Internacional da Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) anunciou nesta segunda-feira que manterá o status de “risco insignificante” do Brasil em relação à ameaça de contaminação por vaca louca. Cerca de 10 países já haviam embargado parcial ou totalmente a compra do gado brasileiro devido à ocorrência de um caso, em 2010.
Publicado em:
Durante a conferência bianual do comitê científico da OIE, na semana passada, os técnicos da organização confirmaram o status da carne brasileira, apesar da ocorrência de um caso de vaca louca no Estado do Paraná. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a OIE afirmou que tomou a decisão depois de ouvir as explicações de uma delegação brasileira, que veio a Paris em dezembro para prestar esclarecimentos sobre a ameaça da doença sobre os rebanhos.
“Depois de uma extensiva deliberação, a comissão concluiu, em acordo com os padrões do Código da Saúde de Animais Terrestres da OIE, não alterar o status de “risco insignificante” do Brasil”, diz o texto. O comunicado destaca que a ocorrência de “um único caso” de vaca louca “não coloca nem o país nem os parceiros comerciais do Brasil em risco, especialmente porque o animal foi destruído e nenhuma parte dele entrou na cadeia alimentar humana ou animal”.
A comissão destacou “com preocupação”, entretanto, que o país demorou tempo demais para avisar a OIE sobre o caso e pedir a avaliação de um laboratório credenciado pelo órgão internacional. A comissão concordou que “precisava de informações mais detalhadas sobre os procedimentos realizados” e sobre “a melhoria do sistema de vigilância no país”. O texto afirma ainda que o status voltará a ser analisado em setembro, em posse das informações solicitadas às autoridades brasileiras.
Embargos
Desde o anúncio do caso, dez países já restringiram a importação da carne do Brasil ou de seus derivados: Japão, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, China e Taiwan adotaram embargo total, Jordânia e Líbano restringiram o produto do Paraná, Peru suspendeu completamente por três meses e o Chile restringiu apenas a compra de farinha de carne e de osso. A Arábia Saudita, entretanto, já voltou a comprar o gado vivo.
O animal portador do agente causador da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como mal da vaca louca, morreu em 2010, mas o episódio só foi divulgado pelo governo brasileiro em 7 de dezembro do ano passado. Segundo o governo federal, não há risco de contaminação e o país não possui a doença.
O caso foi considerado "não clássico", já que o animal não desenvolveu o mal e morreu por outros motivos. A hipótese defendida pelo Ministério da Agricultura é que tenha ocorrido uma "mutação espontânea" dando origem ao agente causador.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro