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Radar econômico

Espanha aposta nas exportações para sair da crise

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Sete anos depois do estouro da bolha imobiliária que conduziu a Espanha a uma grave crise econômica, o país dá sinais evidentes de sair do fundo do poço. O PIB deve crescer 3,3% em 2015, um alívio para uma economia que passou cinco anos em recessão ou estagnada.

Funcionários montam veículos na linha de montagem da fábrica de automóveis da SEAT em Martorell.
Funcionários montam veículos na linha de montagem da fábrica de automóveis da SEAT em Martorell. Reuters/Albert Gea
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Outros vizinhos que entraram no furacão da crise, como a França, estão longe de apresentar um desempenho semelhante. O pesquisador Rafael Pampillon, diretor do departamento de Economia do Instituto de Empresas Business School, avalia que dois fatores explicam a retomada espanhola: o euro fraco em relação ao dólar e as reformas trabalhista e fiscal realizadas pelo governo do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy. A Espanha ganhou competitividade e pôde voltar a produzir.

“Eu acho que o remédio da Espanha foi adotar o mesmo caminho que a Alemanha: promover uma desvalorização interna, principalmente porque tínhamos perdido competitividade, pela nossa inflação alta. A nossa economia era mais travada, controlada”, afirma.

O estímulo à indústria contribuiu para aumentar os postos de trabalho. Com emprego, os espanhóis voltam pouco a pouco a consumir. Neste ano, o país deve registrar uma alta de 3,8% no consumo.

Exportações se beneficiam de euro baixo

A conjuntura favoreceu as exportações, que devem crescer 5,5%. A Espanha se tornou atraente para fabricar e vender máquinas pesadas, automóveis e produtos de alta tecnologia, além de ter aumentado a exportação de alimentos. A queda do preço do petróleo no mercado internacional baixou o custo da energia – outra boa notícia para as empresas.

“Fizemos um duro ajuste fiscal, com o objetivo claro de impulsionar as exportações. Esse era um pedido dos empresários, já que a demanda interna não se sustentava mais”, relembra Pampillon. “A Espanha passou de uma participação de 23% das exportações de bens e serviços no Produto Interno Bruto, em 2007, para 33%, no ano passado. Esse crescimento, unido a uma taxa de inflação negativa que nos permitiu praticar preços inferiores aos da zona do euro, nos colocou em uma boa posição nos mercados internacionais.”

Calcanhar de Aquiles: desemprego

Nem tudo é um mar de rosas. O desemprego permanece o ponto fraco da retomada econômica, mas começa a recuar. Em um ano, 513 mil empregos foram criados no país. O índice de pessoas sem trabalho passou do recorde de 27% da população ativa, em 2013, para 22,4% em junho passado. A taxa é a segunda mais elevada entre os países que fazem parte da zona do euro – e a expectativa é que só em 2017 o índice vai cair para menos de 20%.

Os números começaram a recuar depois da flexibilização do mercado de trabalho, a exemplo do que fez a Alemanha há 10 anos. Está mais barato contratar e demitir funcionários. A negociação salarial acontece cada vez mais entre as empresas e os empregados, e não por convenção coletiva.

“A reforma do mercado de trabalho trouxe uma maior flexibilidade da mão de obra, além de torná-la mais eficiente. Isso permitiu que muitos trabalhadores voltassem a encontrar um emprego”, explica Pampillon. “Há precariedade? Sim, claro. Os salários estão mais baixos. Mas é interessante notar que ocorreu um aumento de 430 mil contratos em tempo integral no segundo trimestre do ano, enquanto o número de contratos em tempo parcial diminuiu.”

O economista defende que o governo continue a promover os ajustes fiscais para reduzir o déficit público, que está em 4,2% do PIB. Para Pampillon, apesar de serem impopulares, as medidas de austeridade estão trazendo os resultados esperados.

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