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Temido aumento dos juros americanos pode ser anunciado nesta quarta

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) iniciou nesta terça-feira (15) uma reunião de dois dias que deve decidir pelo aumento da taxa de juros, que se manteve próxima de zero por sete anos. Essa decisão, que já vinha sendo insinuada, inclusive pela presidenta da instituição, Janet Yellen, significa que o país começa a considerar superada a crise financeira e a consequente recessão que ela provocou na economia mundial.

Janet Yellen, presidenta da Reserva Federal, durante reunião do Clube de Economia de Washington no início de dezembro
Janet Yellen, presidenta da Reserva Federal, durante reunião do Clube de Economia de Washington no início de dezembro REUTERS/Joshua Roberts
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O grupo de política econômica do Fed, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), discutirá nesta terça e quarta-feira se a economia americana está forte o suficiente para o aumento da taxa de juros de fundos federais de 0 a 0,25% para esperados 0,25-0,50%.

Mas analistas acreditam que a mudança é quase certa. Desde que Yellen deu a entender, no início de dezembro, que os Estados Unidos poderiam mudar sua política monetária, os dados econômicos, incluindo a geração de empregos e o consumo, não sofreram nenhuma ruptura que pudesse fazê-la mudar de ideia.

A taxa básica de juros é uma ferramenta de curto prazo para os créditos interbancários, que influencia os juros de todo o sistema financeiro. Mais importante ainda, as expectativas sobre seus níveis futuros determinam a taxa de juros de longo prazo sobre empréstimos para moradias e veículos, o financiamento para empresas e governos estrangeiros, além dos rendimentos de poupança.

A perspectiva do aumento dos juros e o reforço da política monetária americana depois de anos de dólares baratos provocaram turbulência no sistema financeiro mundial. As mais prejudicadas foram - e serão, em caso de aumento efetivo - as economias emergentes que, fortemente lastreadas no dólar, viram suas moedas se desvalorizarem. Um aumento nos juros norte-americanos deve provocar fuga de capitais, já que investidores americanos que procuraram taxas mais rentáveis em outros países podem se ver tentados a levar suas carteiras de volta aos EUA.

A mudança ocorre em um momento em que os principais bancos centrais do mundo, incluindo os de China, Japão e zona do euro estão flexibilizando suas políticas monetárias para estimular o crescimento.

Juros podem subir ainda mais, dependendo da avaliação do Fed

No entanto, com um aumento de 0,25 pontos, os juros americanos continuarão baixos, longe do que o Fed considera um nível "normal". Yellen destacou que o banco central americano continua esperando a recuperação do mercado de trabalho e o freio da inflação, o que significa que os juros continuarão baixos para estimular um maior crescimento.

"O Fed não está tentando freiar uma economia em rápido crescimento nem amortizar uma inflação galopante", disse Sam Stovall, da consultoria Standard & Poor's Capital IQ. "Um aumento é uma tentativa de recalibrar, não de frear". A baixa inflação é uma das principais razões pelas quais os membros do FOMC têm resistido em implementar o aumento dos juros, argumentando que convém esperar até que haja uma recuperação.

Entretanto, Yellen argumentou em um discurso de 2 de dezembro que, se o Fed esperar muito, acabará tendo que "reforçar a política econômica abruptamente". Com o primeiro aumento dos juros já previsto, a grande dúvida é: o que acontecerá depois? Yellen disse repetidamente que sair do nível zero será o início de uma série de aumentos cuja rapidez dependerá de como a economia vai reagir: lenta, se houver fraqueza; rápida, se houver retomada.

Por isso, as atenções estão voltadas para os prognósticos de crescimento econômico. Em nota a seus clientes, o Deutsche Bank explicou que "há uma grande diferença entre as expectativas dos mercados financeiros e as expectativas do Comitê do Fed sobre o curso da taxa de juros".

Para o banco alemão, os mercados esperam em média apenas dois aumentos no ano que vem, enquanto nas projeções do Fed em setembro foram mencionados quatro aumentos para terminar em quase 1,5%. Se o Fed ratificar esta postura, o mercado financeiro certamente sentirá o impacto.

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