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França

Salário milionário de diretor brasileiro da Renault provoca polêmica

O governo francês ameaçou intervir, neta terça-feira (3), contra a decisão do Conselho de Administração da Renault de manter a remuneração obtida em 2015 pelo seu diretor executivo, Carlos Ghosn. Apesar do salário ter sido rejeitado pela maioria dos acionistas na última sexta-feira, o conselho insiste na quantia de € 7,2 milhões por ano.

Acionistas rejeitaram manter remuneração do diretor executivo Carlos Ghosn.
Acionistas rejeitaram manter remuneração do diretor executivo Carlos Ghosn. REUTERS/Gary Cameron
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Desde 2014, a remuneração do diretor é submetida a voto dos acionistas da Renault – entre eles o próprio governo francês, que controla 19,74% da empresa. Tanto o governo quanto a maioria dos acionistas rejeitaram manter no mesmo nível os rendimentos de Ghosn, que teve aumento de 0,49% de 2014 para 2015. A resolução contrária obteve 54,12% dos votos – decisão inédita desde que o sistema começou a funcionar.

Segundo Loïc Dessaint, representante dos menores acionistas da Renault, a decisão se deve ao fato de Ghosn dirigir também a japonesa Nissan. Desde 1999 as duas montadoras estão associadas. Os salários somados nas duas empresas chegaria a € 15 milhões, o equivalente a 764 salários mínimos franceses. Para Dessaint, Ghosn trabalha, portanto, meio período em cada empresa e, mesmo assim, "ganha muito mais do que a média de um executivo francês, que fica ao redor de € 2 milhões", segundo afirmou ao jornal Libération.

A polêmica começou quando o Conselho de Administração da empresa ignorou a decisão dos acionistas e disse que manterá os valores, justificando sua decisão pela “qualidade dos resultados obtidos pela Renault em 2015, com um faturamento recorde de € 45 bilhões, alta de 10,4%”.

Ministro da economia entra na briga

Nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Emmanuel Macron, ameaçou intervir juridicamente caso o Conselho não siga o que foi determinado pelos acionistas. “É preciso que se reúnam novamente nas próximas semanas para dar consequência ao que foi votado”, declarou Macron na Assembleia Nacional.

Nem mesmo a principal entidade patronal dos empresários franceses, o Medef, ficou ao lado da diretoria da Renault. Seu presidente, Pierre Gattaz, disse estar “chocado” com o episódio: “Quando os acionistas de uma empresa dizem não, acho que passar por cima dessa decisão tão rapidamente constrange”.

Gattaz se refere ao fato de a decisão do conselho da Renault ter sido tomada minutos depois da votação dos acionistas, enquanto o normal, segundo ele, seria uma análise de pelo menos dois a três meses.

Carlos Ghosn dirige a Renault desde 2005. Nascido em Porto Velho, no Brasil, ele cresceu no Líbano e na França.

 

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