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UE/Economia

Novo livro em que Stiglitz detona o euro é lançado na França

A nova obra do americano Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, mostra que o euro nasceu condenado e que, para salvar a Europa, talvez a única solução seja se separar da moeda única. Lançado há dez dias no Reino Unido, o livro já está na lista dos mais vendidos.

O prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz durante entrevista na RFI.
O prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz durante entrevista na RFI. RFI
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Atualmente, 19 países fazem parte da zona do euro. Na avaliação de Stiglitz, o euro foi mal concebido e não gerou a prosperidade prometida aos europeus. Crítico do neoliberalismo e das políticas de austeridade, fomentadoras de desigualdades, Stiglitz disse hoje em entrevista à RFI que as decisões tomadas após a crise financeira de 2008 tiveram péssimas consequências para o bloco. A prova é que os países que não utilizam a moeda única estão conseguindo se restabelecer, enquanto os países da zona do euro permanecem no atoleiro.

Em linguagem simples, o prêmio Nobel diz que o mal da União Europeia, e mais especificamente o da zona do euro, foi fazer as coisas pela metade. Ele diz que não foram criadas instituições que permitissem a uma região com a diversidade da Europa funcionar com eficácia. Segundo Stiglitz, a criação do euro não cumpriu seus principais objetivos: levar prosperidade aos povos e garantir a integração política na Europa. Essas metas estão hoje mais distantes do que antes da criação da moeda única. Pior: o euro está destruindo a solidariedade entre os europeus, constata o economista.

Única solução é a diversificação das moedas

Stiglitz esboça algumas sugestões. "Ou os europeus criam as boas instituições e os instrumentos de garantia compartilhada dos depósitos bancários, para superar mutuamente as dificuldades (um banco central que atue para o crescimento e a criação de empregos, e não apenas no controle da inflação, como é o caso hoje - o que na minha opinião é a melhor solução, inclusive para os países mais pobres do bloco) ou, a outra opção, seria pensar em sair da zona do euro. Em vez de conservar uma moeda única, criar duas, três ou quatro moedas na Europa." Nesse caso, os países mais pobres do sul, incluindo a França, deveriam se separar das nações do norte, que são apegadas à cultura da austeridade, defende o economista.

No livro, Stiglitz também condena o que chama de obsessão de controle dos déficits. "As soluções encontradas pelos estados para controlar seus orçamentos foram reduzir as despesas públicas, o investimento interno e os custos salariais. É uma estratégia que só agrava o problema. A alternativa a isso seria aumentar os preços nos países com excedente, como é o caso da Alemanha. Na minha avaliação, seria mais inteligente do que impor a deflação, que tem um custo extremamente caro. Mas, infelizmente, Berlim rejeita essa ideia."

Stiglitz não acredita na tese - que se tornou quase um dogma em algumas capitais - que sair da zona do euro seria a morte do projeto político europeu. "O sistema atual leva à divergência, enquanto o sistema que eu defendo leva à convergência", diz o Nobel de Economia.

O título da edição em inglês do novo livro de Stigliz, que está com 73 anos e ainda leciona na Universidade de Columbia, em Nova York, é "The euro: how a common currency threatens the future of Europe" (Hardcover), traduzido para o francês como "L’euro: comment la monnaie unique menace l’avenir de l’Europe (Les Liens qui Libèrent).

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