ONU diz que maior escolaridade de adultos reduziria pobreza pela metade
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Novo relatório da Unesco mostra que, se todos os adultos tivessem chegado ao ensino médio, a pobreza mundial seria reduzida pela metade
Novo estudo da Unesco, lançado neste mês de junho, relaciona o aumento da escolarização à redução da pobreza. Intitulado “Reduzindo a pobreza global através do ensino primário e secundário universal”, o documento afirma que, se todos os adultos tivessem tido acesso ao ensino médio, a pobreza mundial seria reduzida pela metade.
A responsável pela pesquisa do Relatório de Monitoramento Global de Educação Nihan Koseleci explicou à RFI Brasil de que se trata o novo estudo: “Nosso documento mostra que os países que têm uma renda mais elevada têm também uma população mais instruída, com nível de educação formal mais elevado”.
O relatório da Unesco mostra também que a educação vai ter um efeito na economia por diversas razões: em primeiro lugar, a educação vai melhorar as competências das pessoas. Em segundo lugar, a educação vai melhorar a resiliência da população às mudanças climáticas e aos desastres. Em terceiro lugar, o estudo mostra que as mulheres com nível mais alto de educação formal vão cuidar melhor de seus filhos e haverá uma diminuição de mortes por doenças contagiosas.
Koseleci explica que o acesso à escolarização é um problema a ser resolvido, mas também há a questão do conteúdo, que precisa ser mais inclusivo, para abraçar a diversidade. A pesquisadora da Unesco aponta também a urgência em se transformar a educação num instrumento de inclusão.
A questão da educação no Brasil
A RFI Brasil ouviu também o doutor em economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e coordenador do curso de Economia do Ibmec-MG, Márcio Salvato. O economista, autor de um estudo intitulado “O impacto da escolaridade sobre a distribuição de renda”, relacionou o novo documento da Unesco à realidade brasileira.
“Estudos apontam que desigualdade de renda, pelo menos um terço dela, é explicada pela desigualdade de educação: se olharmos para o caso do Brasil, é um país que tem uma grande desigualdade de educação entre as regiões e dentro das regiões. Então é importante que a gente tenha um objetivo, uma política educacional de fazer com que a média educacional brasileira aumente, reduzindo a desigualdade educacional. Isso vai contribuir para reduzir a desigualdade de renda”, afirma.
Salvato explica que políticas públicas para reduzir a desigualdade por meio da educação são sempre de longo prazo, mas são as únicas que garantem mobilidade social.
O estudo da Unesco será apresentado no Fórum Política de Alto Nível das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (10-19 julho, em Nova York), que incidirá sobre a erradicação da pobreza, no âmbito do programa de desenvolvimento sustentável para 2030.
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