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França: clientes com nomes árabes são recusados no Airbnb e exigem retratação

A plataforma de alugueis de curto período Airbnb está sendo acusada na França de diversos casos de racismo, de acordo com uma matéria do jornal Le Monde desta sexta-feira (24). Nas redes sociais, várias pessoas que se dizem vítimas de discriminação por causa do nome – de origem estrangeira, em sua maioria árabe – se manifestaram e exigem que a empresa se pronuncie.

Usuários da plataforma exigem um pronunciamento a respeito das denúncias de racismo
Usuários da plataforma exigem um pronunciamento a respeito das denúncias de racismo A man walks past a logo of Airbnb after a news conference in Tok
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A francesa Djamila Cariou, de 58 anos, queria passar as férias em Toulouse, no sudoeste da França, com sua filha, e buscou um apartamento na plataforma de aluguel de curto período Airbnb. Tudo corria bem até que o apartamento foi recusado – a proprietária alegava que era preciso incluir mais pessoas na viagem para que ela aceitasse a proposta.

Entretanto, como conta a reportagem do jornal, mesmo após acrescentar um novo hóspede na lista de viajantes, a proprietária se recusou a aceitar Djamila, dizendo, por fim, que a casa estaria ocupada naquela época. Foi então que sua filha, Farah, pediu a uma conhecida, chamada Isabelle, para fazer a mesma proposta para as mesmas datas e teve seu pedido de aluguel aceito. Djamila e Farah Cariou acreditam ser vítimas de racismo.

Nas redes sociais, vários franceses revelam histórias similares. Eles alegam que, num país multicultural como a França, a discriminação à distância, baseada apenas na presunção da etnia da pessoa ligada a seu nome, é recorrente. “A única vez em que consegui alugar um apartamento no Airbnb foi através de um amigo que tem uma alcunha mais... suave”, disse o humorista Jhon Rachid.

“Empresas como Airbnb são cúmplices”

As vítimas exigem que as empresas de aluguel temporário, como o Airbnb, se pronunciem a respeito dos casos relatados. “Estamos cientes dessas práticas, temos muitas denúncias. As plataformas precisam se concentrar sobre esse assunto de maneira mais séria”, afirma ao Monde Hermann Ebongue , secretário geral da associação SOS Racismo.

“A única maneira de provar um comportamento discriminatório é fazendo um teste”, explica Jacques Toubon, defensor de direitos do consumidor. “É preciso trazer provas, como imagens da tela do computador ou gravações telefônicas, que mostrem que houve um opção por um tipo específico de pessoa.” Algo parecido com o que Djamila e sua filha fizeram.

Na França, as penas para quem recusar um bem ou um serviço em razão da etnia da pessoa é de três anos de prisão e 45.000 euros de multa. Resta saber se o Airbnb pode ser responsabilizado pelo mau uso de alguns de seus usuários. “O autor principal da discriminação é o proprietário. Mas aquele que contribui ao aluguel oferecendo um serviço  ao proprietário é cúmplice porque a discriminação ocorre com sua ajuda”, reflete Jacques Toubon.

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