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França/Holanda/Economia

Entrada da Holanda no capital da Air France-KLM gera tensão entre Paris e Haia

O conflito entre a França e a Holanda, desencadeado pela entrada surpresa do governo holandês no capital da Air France-KLM, está estampado na capa dos principais jornais desta quinta-feira (28). A operação é considerada “hostil” pelo governo francês que pede explicações a Haia.

O grupo Air France-KLM foi criado em 2004.
O grupo Air France-KLM foi criado em 2004. REUTERS/Charles Platiau
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A Holanda não só entrou, como já reforçou sua posição no grupo que une as duas companhias aéreas. Depois de já ter surpreendido na terça-feira (26) ao anunciar que havia adquirido 12,68% das ações da empresa, Haia aumentou ainda mais sua participação no capital da Air France-KLM, atingindo 14%. “Uma escalda perigosa”, alerta Les Echos. O jornal econômico diz que as autoridades francesas estão furiosas por não terem sido prevenidas pelo governo holandês.

O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, está disposto a se opor à operação. Ele ameaça inclusive bloquear, se necessário, a próxima assembleia geral dos acionistas, que deve votar a manutenção do atual presidente da KLM, Pieter Elbers. A recondução do CEO ao cargo vinha criando tensão no grupo nas últimas semanas.

“Gesto contrário aos interesses do grupo”

Les Echos diz que a França considera a iniciativa um gesto “hostil”, “contrário aos interesses do grupo”. Prova disso é que as ações da companhia perderam ontem 11% de seu valor.

Reunidos em caráter de emergência na quarta-feira, o conselho de administração da Air France-KLM também salientou sua “incompreensão”, pois as discussões estavam sendo realizadas com o objetivo de preservar os interesses dos holandeses no grupo. Les Echos lembra que desde de a compra da KLM em 2004, a companhia aérea holandesa foi a principal beneficiada na aliança com a Air France. A nomeação do canadense Ben Smith como presidente da Air France-KLM visava garantir a independência do grupo, aponta o jornal.

Para Le Figaro, este é um “conflito político: o tom sobe entre os dois países e o presidente Emmanuel Macron exige explicações de Haia”. Le Figaro explica que a Holanda passa agora a ter quase a mesma participação no grupo que a França, que detém 14,3% das ações.

Holanda quer recuperar influência

Um encontro entre Bruno Le Maire e o ministro da Economia holandês acontece ainda nesta semana em Paris. O jornal conservador avalia que a Holanda espera com essa operação recuperar sua influência no grupo e defender melhor seus interesses, particularmente em relação ao futuro do aeroporto Schiphol, de Amsterdã.

“Fortes turbulências entre Air France e KLM”, ironiza Le Parisien. O diário tenta entender porque o governo holandês provocou essa tempestade entre Paris e Haia. “Como o nuclear para a França, o transporte é uma questão de soberania para os holandeses que temiam perder um pedaço desse tesouro nacional”, avalia um especialista entrevistado pelo Le Parisien.

Os holandeses têm a impressão que a KLM está sendo relegada à segunda divisão. Diante da crescente influência da Air France no grupo, resolveram fazer esse ataque "aéreo" surpresa, escreve Libération. A ofensiva reascende as tensões entre a companhia francesa, que enfrenta dificuldades, e o lucrativo parceiro holandês.

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