Ameaça de recessão pode pôr fim a dez anos de crescimento na Alemanha
Será o fim da "década dourada" da economia alemã? Depois da queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) da primeira potência e motor econômico da Zona do Euro no segundo trimestre de 2019, a degradação aumenta o número de defensores de uma intervenção do governo para apoiar e relançar a economia.
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Com informações do correspondente da RFI em Berlim, Pascal Thibaut
A economia alemã começou a dar sinais de desaceleração. Depois de crescer 0,4% nos três primeiros meses de 2019, o recuo do PIB nacional registrado no segundo trimestre é pequeno, mas muito simbólico. A queda das exportações, um dos pilares da economia alemã, explica em grande parte o índice negativo.
A Alemanha é vítima da degradação do comércio mundial, provocada pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. A indústria do pais foi atingida em cheio. Em junho, a produção caiu 1,5%, acumulando uma queda de 5% em um ano.
Para o ministro alemão da economia, Peter Altmaier, este é o primeiro sinal de alerta. Ele diz que tudo deve ser feito para evitar a recessão no país, caracterizada quando o produto interno bruto registra dois trimestres consecutivos no vermelho. Ele propõe diminuir impostos, tanto para as empresas quanto para população.
A chanceler Angela Merkel, mostra mais confiança. Na terça-feira (13), ela julgou que um plano conjuntural para relançar a economia, financiado pela dívida, não é uma boa saída.
Sacrossanto equilíbrio orçamentário
O equilíbrio orçamentário é quase um dogma na Alemanha, mas o PIB negativo deve redobrar os questionamentos sobre ele. Mesmo economistas conservadores estimam agora que o país não investiu suficientemente e que as taxas de juros atuais permitem maiores gastos, sem grandes riscos.
Lembrando que o país conseguiu equilibrar as contas públicas nos últimos anos, a Federação da Indústria alemã defende medidas para dinamizar a conjuntura. Todos os partidos de esquerda alemães apoiam essa proposta.
Consumo interno
Por enquanto, é o consumo interno que mantém uma certa estabilidade econômica no país. Graças a uma taxa desemprego baixa e salários em alta, os alemães estão consumindo mais.
No entanto, as perspectivas não são boas. Além das medidas protecionistas americanas, o Brexit deve representar um grande risco para os produtos made in Germany. As estimativas de crescimento do governo alemão para 2019 foram revisadas. O país deve crescer apenas 0,5% este ano, mas em 2020 pode voltar a crescer como em 2018, isto é, 1,5%.
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