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Catar/Copa do Mundo

Federações pedem novas eleições para sede da Copa de 2022

Nesta segunda-feira (2), cresceu a pressão para que a FIFA organize uma nova eleição para a sede da Copa do Mundo de 2022. A Austrália, uma das candidaturas derrotadas, classificou de "graves" as acusações de corrupção na polêmica escolha do Catar e se disse pronta a apresentar-se num novo páreo. O governo e autoridades futebolísticas da Grã-Bretanha também defenderam um novo voto, caso sejam confirmadas as suspeitas levantadas pelo jornal Sunday Times.

O catariano Mohamed bin Hammam, ex-vice presidente da FIFA.
O catariano Mohamed bin Hammam, ex-vice presidente da FIFA. Reprodução Youtube / Al Jazeera
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De acordo com uma reportagem publicada no domingo pelo diário britânico, o catariano Mohamed bin Hammam, ex-vice presidente da FIFA, pagou mais de 5 milhões de euros em propinas para que personalidades influentes do futebol apoiassem a candidatura do emirado. O Sunday Times afirma ter tido acesso a e-mails, documentos e transferências bancárias, que comprovam a manobra financeira de bin Hammam para garantir a eleição.

As acusações foram rechaçadas pela autoridade futebolística do Catar, que garantiu, ainda no domingo, que defenderá a integridade da disputa e colaborará para que todas as suspeitas de corrupção sejam esclarecidas. Em nota, Doha garantiu que Mohamed bin Hammam não teve nenhum papel "oficial ou oficioso" em sua escolha como sede.

Na época da eleição, em 2010, o cartola acumulava a função de presidente da Confederação Asiática de Futebol, mas foi permanentemente afastado dos dois cargos em 2011, depois de ser flagrado tentando comprar votos para ser eleito presidente da FIFA.

Maus perdedores

Correram boatos pela imprensa de que o advogado americano Michael Garcia, que conduz uma investigação sobre a eleição da sede, teria uma reunião com oficiais do Catar em Oman, nesta segunda-feira. O encontro, no entanto, não foi confirmado oficialmente.

Em entrevista a uma rádio de Melbourne, o presidente da Federação australiana (FFA) afirmou que o órgão está ativamente envolvido na investigação sobre corrupção na FIFA e que forneceu uma série de documentos e entrevistas a Garcia. Seu relatório será apresentado no fim do ano ao comitê de ética da entidade máxima do futebol mundial. Garcia também investiga a escolha da Rússia como sede da Copa de 2018. A Inglaterra foi uma das candidatas derrotadas na ocasião.

Para o ex-presidente da Federação Russa, Vyacheslav Koloskov, as suspeitas sobre 2018 não passam de choro de mau perdedor. "Temos que levar em conta que os ingleses começaram essa nova onda de caça às bruxas. Eles já tentaram acusar a Rússia e outros países. Mas a verdade é que eles simplesmente não aceitam ter perdido a corrida para sediar o Mundial. Três anos e meio se passaram desde os votos. Eles tiveram tempo de sobra para apresentar provas, se eles tivessem alguma coisa real", alfinetou.

À espera de fatos

Os outros derrotados na disputa para sediar o mundial de 2022 aguardam os desdobramentos do caso para se pronunciar. Os Estados Unidos, eliminados pelo Catar por 14 votos a oito na última rodada da eleição, ainda não fizeram qualquer comentário. O Japão, primeiro eliminado, também não se posicionou, mas já havia dito anteriormente que apresentaria nova candidatura em caso de problemas com a escolha do emirado. A Coreia do Sul, descartada no terceiro turno, disse que só tomará uma decisão quando houver "fatos confirmados".

Da Irlanda do Norte, o vice-presidente da FIFA, Jim Boyce, afirmou que apoiará uma nova eleição, caso apareçam "evidências concretas" de corrupção. Greg Dyke, presidente da Associação Inglesa de Futebol, seguiu a mesma linha.

Importância continental

O presidente da Confederação Asiática de Futebol (AFC), o sheik Salman bin Ebrahim al Khalifa, se disse preocupado com as acusações, mas apoiou a candidatura catariana, afirmando que "o fato de a Ásia e, especialmente, o Oriente Médio, sediar uma Copa do Mundo da FIFA significa muito para o continente". Ele disse torcer para que a Copa de 2022 no Qatar seja um sucesso.

Quando o riquíssimo emirado do Golfo Pérsico foi escolhido, houve uma série de reações negativas. Primeiro por conta do calor escaldante que faz no país durante o verão. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, chegou a cogitar a mudança no calendário para que o evento acontecesse durante o inverno do hemisfério norte. Os críticos da escolha também lembraram a falta de tradição futebolística do país.
 

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