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Futebol/África

Morte de jogador atingido por projétil em estádio da Argélia causa comoção

A morte do jogador Albert Ebossé, atacante camaronês do time argelino JS Kabilia, atingido no sábado (23) por um projétil lançado das arquibancadas durante um jogo pela segunda rodada do campeonato local, provocou grande indignação no mundo do futebol. O episódio é considerado revelador da violência que tomou conta do futebol na Argélia, um dos mais prestigiosos da África e do mundo árabe.

O jogador camaronês Albert Ebossé morreu na Argélia após ser atingido por projétil lançado das arquibancadas.
O jogador camaronês Albert Ebossé morreu na Argélia após ser atingido por projétil lançado das arquibancadas. DR/Facebook
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O jogador de 24 anos morreu no sábado logo após dar entrada no hospital de Tizi-Ouzou, maior cidade da região de Kabilia. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu em consequência de um "traumatismo cervical violento", de acordo com o diretor do estabelecimento, Abbas Ziri. O corpo do camaronês deverá ser enviado a Douala nos próximos dias, depois de ter sido transferido para Alger.

"Intolerável que um expectador provoque a morte de um jogador. Chega de violência! Minhas condolências emocionadas aos próximos de Albert Ebossé. RIP", escreveu o presidente da Fifa, Joseph Blatter, em sua conta no Twitter.

O fim trágico do principal artilheiro do campeonato argelino com 17 gols, depois de uma derrota de 2 a 1 do JSK em casa, para o USM Alger, ofuscou completamente a boa participação da seleção da Argélia na Copa de 2014 no Brasil. "Esta tragédia não surpreendeu ninguém" porque" há vários anos a violência se instalou nos estádios e se propaga até nas ruas, espalhando um clima de medo e insegurança nas nossas cidades", escreveu o diário El Watan. O jornal vê a situação como uma síndrome pós-guerra civil dos anos 90 no país.

O cotidiano Liberté também não mostrou surpresa com a morte do jogador Ebossé que dava início à sua segunda temporada pelo clube JSK. "Poderia ter sido pior" e "poderia ter acontecido em qualquer estádio argelino já que a violência se generalizou e se tornou sistemática", escreveu o jornal.

Violência se tornou comum na Argélia

Para o psiquiatra Mahmoud Boudarène, a morte do atacante camaronês, vítima de uma série de projéteis lançados pos torcedores revoltados, é um "suicídio coletivo" em um país onde a violência se tornou "algo comum" e alimentada pela "miséria, desemprego, falta de lazer e injustiça social". O especialista ainda responsabiliza o poder que "usa sua brutalidade para reprimir qualquer manifestação política ou social".

O jornal El Khabar exigiu desculpas ao jogador de Camarões e estima que a Argélia não se "qualificou para sediar a Copa Africana de Nações de 2017". "Como poderíamos proteger milhões de convidados se a Confederação Africana de Futebol confiasse à Argélia a organização deste evento?", questiona o diário.

Reunida nesta segunda-feira, a Liga de futebol profissional decidiu cancelar todos os jogos amistosos e oficiais dos campeonatos argelinos profissional e amador previstos para sexta-feira e sábado. Nas redes sociais, muitos torcedores argelinos expressaram sentimentos de culpa e vergonha e alguns defenderam até a suspensão do campeonato.

Homenagem dos jogadores em Camarões

O Sindicato nacional dos jogadores de futebol de Camarões anunciou nesta segunda-feira que um minuto de silêncio será observado no dia 31 de agosto em todos os jogos de futebol realizados no país em homenagem a Ebossé. Os jogadores vão usar uma braçadeira de cor preta em memória do atleta morto.

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