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Rio 2016

Preparando Olimpíadas, Rio destrói favelas indesejáveis, denuncia Le Monde

O jornal Le Monde que chegou às bancas na tarde desta terça-feira (4) traz uma longa reportagem sobre o braço de ferro entre as autoridades cariocas e os moradores de favelas que estão sendo demolidas nas redondezas do Parque Olímpico. O vespertino explica que as autoridades pressionam a população para evitar que as obras do evento esportivo, que começa daqui um ano, atrasem.

Residência é demolida na favela de Vila Autódromo, no Rio de Janeiro, no dia 28 de julho de 2015.
Residência é demolida na favela de Vila Autódromo, no Rio de Janeiro, no dia 28 de julho de 2015. Reprodução Facebook
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O correspondente do jornal Le Monde visitou a comunidade de Vila Autódromo, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde encontrou moradores que se preparavam para deixar a região. O jornalista explica que o bairro havia sido poupado pelo projeto inicial, mas acabou sendo designado para acolher um estacionamento e uma estrada de acesso para as personalidade e a imprensa ao evento esportivo. “A favela teve o azar de estar situada em uma região alvo de uma especulação imobiliária intensa, mas também de estar perto demais do projeto do imenso parque olímpico destinado a receber os Jogos de 2016 no Rio de Janeiro”, analisa o jornalista.

A reportagem explica como os moradores foram “convencidos” a deixar a região. “A ordem de expulsão, assinada em março de 2015 pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, precipitou o fim (da comunidade). A intensa pressão, às vezes violenta, exercida pelas autoridades, junto com os incentivos financeiros cada vez mais altos fizeram o resto”, comenta o correspondente. Segundo o jornalista, um ano antes do início dos jogos, que começam no dia 5 de agosto de 2016, cerca de 80% das casas já foram demolidas e mais de 40 famílias deixaram o local apenas durante o mês de junho de 2015.

Especulação imobiliária

A reportagem constata que, em menos de seis meses, cerca de R$ 95 milhões foram pagos em indenizações e que a prefeitura contribuiu, com dinheiro público, para acelerar as expulsões. Segundo o texto, 33 moradores chegaram a receber mais de R$ 1 milhão por suas residências.

No entanto, conversando com os moradores, o correspondente relata que, apesar das altas indenizações pagas, muitos não queriam deixar o local. “Eu recebi dinheiro, mas as lembranças não têm preço”, comenta um dos entrevistados, que foi removido da Vila Autotromo, onde vivia há 18 anos.

Para Altair Guimarães, um dos representantes dos moradores ouvido pelo correspondente do vespertino, o caso da Vila Autódromo esconde um interesse mercantil na região que vai além do evento esportivo. “Há anos eles tentam nos expulsar. Agora eles conseguiram, graças ao pretexto dos Jogos Olímpicos. Porém, todo mundo sabe que dois terços dessas construções têm como finalidade a especulação imobiliária”, diz Guimarães.

 

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