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FIFA/Copa do Mundo

Operários da Copa do Catar continuam sendo explorados, alerta ONG

Apesar das inúmeras denúncias feitas sobre as condições degradantes dos trabalhadores estrangeiros envolvidos nas obras para a Copa do Mundo do Catar em 2022, as autoridades do país pouco fizeram até agora para pôr um fim à exploração dos operários. A denúncia foi feita nesta terça-feira (1) pela Anistia Internacional para marcar os cinco anos da atribuição da FIFA ao país árabe para organizar o Mundial.

Trabalhadores em um canteiro de obras em Doha no Catar. 16/11/2015
Trabalhadores em um canteiro de obras em Doha no Catar. 16/11/2015 AFP PHOTO/STR
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"Muito pouco tem sido feito para combater o abuso do trabalho dos imigrantes. Os persistentes atrasos na reforma trabalhista do Catar são uma fórmula para o desastre de direitos humanos ", disse Mustafa Qadri, do Núcleo de Pesquisas dos direitos dos trabalhores imigrantes no Catar da Anistia Internacional.

Segundo o especialista, as reformas propostas pelo governo falham para proteger os trabalhadores estrangeiros, que continuam sendo explorados pelos seus empregadores. A ONG critica ainda o atraso em muitas decisões que deveriam ter sido adotadas pelo governo.

No documento, a Anistia Internacional afirma ter feito cinco visitas ao país nos últimos quatro anos para investigar as condições de trabalho dos estrangeiros que atuam em obras de infraestrutura e na construção dos estádios. 

Cerca de dois milhões de operários devem trabalhar no projeto. No último relatório da ONG, publicado em maio de 2015, foram identificados nove problemas graves relacionados aos direitos dos trabalhadores.

Atrasos nas reformas

De acordo com a ONG, em pelo menos cinco dos pontos assinalados, o governo do Catar não tem dado respostas suficientes para mudar a situação. Entre eles, o pagamento dos salários no prazo estipulado. Uma lei aprovada em fevereiro de 2015 obriga as empresas a efetuar os depósitos diretamente em contas nos bancos, mas só entrou em vigor em novembro. O atraso no pagamento de salários é um dos fatores que levam muitos trabalhadores e suas famílias à precariedade.

A decisão de ampliar para 400 o número de inspetores do trabalho foi suspensa para o final de 2016. A reforma do sistema conhecido como kafala, que vincula o trabalhador à empresa que o contrata, também foi adiada para o final do ano que vem. O novo sistema também vai continuar exigindo o consentimento dos patrões para os trabalhadores conseguirem mudar de emprego.

Segundo a Anistia Internacional, a FIFA também tem pouco se empenhado em pressionar as autoridades do Catar para implementar as reformas e exigir mudanças trabalhistas no país. "A Fifa pode ter novas lideranças em 2016, mas não será capaz de superar seus desafios atuais enquanto não deixar claro para o Catar que para sediar a Copa do Mundo será preciso respeitar os direitos humanos", afirma o documento.

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