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Rio 2016/Luta greco-romana

Tricampeão de luta greco-romana, cubano faz história na Rio 2016

Idolatrado em Cuba, Mijaín López Nuñez se tornou uma lenda viva no esporte cubano nesta segunda-feira (15) ao vencer a final da luta greco-romana e se tornar tricampeão olímpico na Rio 2016.

Mijaín Lopez posa pra fotos com sua medalha de ouro na luta greco-romana.
Mijaín Lopez posa pra fotos com sua medalha de ouro na luta greco-romana. REUTERS/Toru Hanai
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“Me tornei uma lenda em Cuba com essa terceira medalha olímpica. Para mim, é um orgulho poder dar essa grande alegria ao meu país, e por isso fico muito feliz”, declarou Mijaín em entrevista à Rádio França Internacional após deixar o ginásio de maneira triunfal.

Nas arquibancadas, centenas de torcedores cubanos agitavam bandeiras e gritavam o nome de Mijaín para expressar toda a felicidade pelo ouro olímpico, o segundo do país até o momento.

Para chegar ao feito inédito, o lutador cubano de 1,98 mts e 130 kg venceu na final o turco Riza Kayaalp, atual campeão mundial. A vitória teve um gosto de revanche já que nos últimos nove anos, Kayyalp foi o único a vencer por duas vezes Mijaín. A última delas foi no mundial do ano passado, em Las Vegas, onde o turco de 26 anos ficou com o título.

Desta vez, o cubano adotou uma estratégia mais bem sucedida. “O plano tático foi sair mais agressivo, esperar o momento de suas falhas, para evitar o que aconteceu no ano passado. Este ano vim melhor preparado fisicamente e mentalmente, e com o pensamento convicto de ganhar minha terceira medalha de ouro”, declarou.

Festa de Cuba no Parque Olímpico da Barra

“Diga ao povo cubano que o que prometi, cumpri”, declarou o tricampeão, em meio à festa que muitos cubanos fizeram na sua saída da Arena Carioca 2. Entre as várias entrevistas para a imprensa cubana e internacional, ele parou diversas vezes para agradecer o carinho que recebeu de fãs.

“Gostamos muito de Mijaín, ele tem muitos troféus e traz muitas alegrias à nossa pátria. Ele está nos nossos corações”, diz Osvaldo Martinez García, cubano que disse ter vindo de Havana para apoiar o ídolo. O cubano Adriel García Hernandez, estudante de informática na PUC-RJ, veio com a namorada chilena para torcer por Mijaín. “Eu sabia que ele ia ganhar, tinha certeza. Estamos todos muito orgulhosos. Ele é o melhor do mundo”, disse.

Mijaín Lopez, durante cerimônia de entrega de medalhas na Rio 2016.
Mijaín Lopez, durante cerimônia de entrega de medalhas na Rio 2016. REUTERS/Toru Hanai

Na história do esporte de Cuba

“É o atleta mais conhecido e mais famoso em Cuba porque tem três títulos olímpicos, é muito carismático, muito sociável e é quem carrega a bandeira da delegação cubana”, diz Hector Miranda, enviado especial ao Rio da agência Prensa Latina. “Talvez esteja entre os três maiores do esporte cubano”, completou.

Antes de Mijaín, apenas os boxeadores Teófilo Stevenson (1972, 1976 e 1980) e Félix Savón (1992, 1996, 2000) haviam subido três vezes no lugar mais alto do pódio. Outra glória olímpica cubana, o esgrimista Ramón Fonst, tinha conquistado duas medalhas de ouro no início do século passado (1900, 1904).

“Prometi que vinha fazer festa no Brasil, e assim foi. Estou muito orgulhoso de poder igualar o triunfo de Teófilo e Félix”, reagiu Mijaín, que deverá receber ainda mais homenagens quando regressar ao seu país. “Em Piñar del Río, as pessoas já estão fazendo festa nas ruas”, afirmou Miranda em referência à cidade natal do atleta.

Treinamentos em condições em "pouco mais do que mínimas"

Aos 11 anos, Mijaín começou a treinar luta greco-romana, uma das mais antigas modalidades olímpicas. Desde 1896, a luta amadora, cujo objetivo é imobilizar o adversário apenas usando a parte superior do corpo, faz parte da programação dos Jogos, mas sem ter se tornado popular.

O esporte, no entanto, atraiu o cubano que quis se diferenciar de seus irmãos boxeadores. Seu percurso incluiu passagem pelo plano de desenvolvimento atlético de Cuba até chegar à seleção nacional. Formado em Educação Física, Mijaín, segundo seu treinador Raúl Trujillo, tem apoio do Estado, vive de um salário do governo para treinar e ganha bônus quando vence competições.

“Estou muito orgulhoso. Nossas condições são um pouco mais do que mínimas para treinar. Temos muitas dificuldades devido à situação econômica, como todo mundo sabe. Temos colchões, os pesos e o necessário para sermos campeões, como demonstramos. E o mais importante é o desejo de ganhar e triunfar, como nosso povo”, declarou Trujillo, emocionado.

Mijaín Lopez celebra sua conquista com torcedores cubanos que foram à Arena Carioca 2.
Mijaín Lopez celebra sua conquista com torcedores cubanos que foram à Arena Carioca 2.

Segundo o técnico, de setembro a outubro seu pupilo terá que cumprir pela primeira vez contrato para treinar na Liga alemã Mijaín, mas depois volta para Cuba, onde vive com sua esposa e dois filhos. “É um ídolo de todo mundo, das crianças também. Quando estamos nas ruas, muitos pedem para tirar fotos. Ele atende a todos, sempre está disposto a distribuir sorrisos e abraços. Ele é extraordinário como homem, pai, filho, amigo e atleta. Ele é maravilhoso em todos os aspectos e em todos os sentidos da palavra”, afirmou.

Desafio em 2020? 

Com a medalha da Virgem do Rosário de Córdoba de Cuba pendurada ao lado da medalha de ouro da Rio 2016, o tricampeão olímpico cubano procura desfrutar de sua imensa popularidade, mas sem deixar de se projetar no futuro e tentar ampliar sua marca para quatro ouros nos Jogos de Tóquio, o que o faria superar todos os esportistas cubanos. “Estou pensando. Pelos treinos, e também pela decisão do meu técnico, vamos ver se podemos chegar lá”, completou.
 

 

 

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