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Esporte em foco

Jogos Paralímpicos geram mais investimentos no esporte adaptado

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Passados os Jogos Olímpicos, é a vez de os Jogos Paralímpicos tomarem conta do Rio de Janeiro. As competições começam no dia 7 de setembro, mas várias polêmicas antecedem o início da Paralimpíada, como os cortes nos gastos da organização, que chegou a revoltar o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven. A fraca venda de ingressos para o evento também preocupa - mas o panorama que vem melhorando nos últimos dias..

A atleta Marinalva de Almeida, da equipe ituana CRIA-Brasil
A atleta Marinalva de Almeida, da equipe ituana CRIA-Brasil Divulgação
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Independente de ter arenas lotadas, a expectativa é de que os Jogos Paralímpicos do Rio tragam mais investimentos ao esporte adaptado, incentivem a descoberta de novos talentos e incitem o debate sobre inclusão social.

É o que espera a carioca Fátima Benincaza, da Associação Brasileira de Osteogênese Imperfeita. Ela tem dois filhos com deficiência que praticam natação e, junto deles, assistirá a competições de várias modalidades. “No centro do Rio, observei que as ruas e o transporte público estão melhores, há mais rampas, temos elevadores nos metrôs. Esses investimentos já começaram nos Jogos Olímpicos, onde havia, por exemplo, espaços reservados para as pessoas com deficiência. E esses esforços continuam durante os Jogos Paralímpicos, mostrando para a sociedade e o público a preocupação com essa questão”, diz.

As mudanças que Fátima percebe fazem parte do legado que os Jogos Paralímpicos deixam para o Rio, como explica o professor de Antropologia e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade da Universidade Federal Fluminense (UFF), Luiz Fernando Rojo. “As condições materiais para a prática do esporte adaptado melhoraram muito no Brasil. Mas, para a população em geral, as mudanças não aconteceram. As cidades continuam com enormes dificuldades de acessibilidade”, avalia.

O legado que Rojo classifica como “não-material” é o principal dos Jogos Paralímpicos. “Entre 2007, quando foram realizados os Jogos Parapanamericanos do Rio de Janeiro, até 2016, a visibilidade do esporte paralímpico e em relação às pessoas com deficiência se ampliou de forma significativa”, ressalta.

Brasil deve conquistar mais medalhas nos Jogos Paralímpicos do que obteve na Olimpíada

Rojo é otimista em relação ao desenvolvimento do esporte paralímpico no Brasil. Ele aposta que o número de medalhas que o Brasil vai conquistar nos Jogos Paralímpicos será superior aos Jogos Olímpicos. Para ele, isso vai dar uma maior visibilidade e trazer mais investimentos, um processo que, segundo ele, já vem acontecendo. “Nos últimos onze anos, nós tivemos as Paralímpiadas Escolares. Vários dos atletas que estarão competindo nos Jogos Paralímpicos começaram a praticar esportes para esse evento nas escolas. A competição é um investimento tanto na ampliação da prática esportiva em geral, mas também na renovação das equipes nacionais paralímpicas”, diz.

O otimismo de Rojo é compartilhado pela atleta Marinalva de Almeida, da equipe da vela paralímpica. Antes mesmo do início dos jogos no Brasil, a esportista destaca uma mudança no esporte e na sociedade brasileira. “Quando as coisas são vistas de uma forma positiva e com a consciência de que uma pessoa com deficiência pode se encontrar, se realizar e fazer tudo o que uma pessoa sem deficiência pode, cria-se essa visibilidade e essa quebra de paradigma”, destaca.

A atleta Marinalva de Almeida, da equipe da vela paralímpica do Brasil.
A atleta Marinalva de Almeida, da equipe da vela paralímpica do Brasil. Divulgação

A trajetória de Marinalva no esporte paralímpico é uma prova disso. A esportista sofreu um acidente de moto quando era adolescente e teve que amputar a perna esquerda. À RFI, ela contou que passou por um período difícil, mas começou a se dedicar ao esporte por indicação de um amigo.

Marinalva estreou como corredora de rua e passou por diversas modalidades paralímpicas, como o lançamento de dardo e o salto em distância. “Eu fui a primeira mulher amputada a correr a São Silvestre usando muletas. E, depois disso, ainda fiz a meia maratona de Foz de Iguaçu (PR)”, conta, orgulhosa, destacando que a vela é hoje sua grande paixão.

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