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Esporte em foco

Revelação do badminton, Ygor Coelho faz estágio na França

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A temperatura de 16 graus do outono francês é a única reclamação do carioca Ygor Coelho, atleta de badminton que está passando uma temporada de três meses no principal centro de treinamento de esportistas de alto rendimento da França. “É muito frio. Só o clima não combina comigo, que venho de um clima quente. Mas isso é detalhe”, comenta a maior aposta masculina da modalidade do Brasil.

O atleta brasileiro de badminton, Ygor Coelho
O atleta brasileiro de badminton, Ygor Coelho RFI
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Convidado pela Federação Francesa de Badminton para um estágio de setembro a novembro, Ygor está encantado com as condições de treino e a experiência no Instituto Nacional do Esporte (INSEP), na região leste de Paris. O local tem uma estrutura gigantesca para preparar franceses para competir em alto nível em 27 modalidades e também acolher um seleto grupo de atletas de outros países.

“Eu nunca vi uma estrutura dessa na minha vida. É excelente. Saio do meu quarto e em dois minutos estou no refeitório. Depois, em cinco, sete minutos, estou no ginásio. Tem médicos, sauna, banheiro de gelo, banheiro de calor. Aqui realmente foi feito para atletas de grande potencial e de alto rendimento. Aproveito tudo”, diz, entusiasmado.

A rotina de treinamentos é diária com cerca quatro horas divididas nos turnos da manhã e tarde, de segunda à sexta-feira. Ygor realiza também o desejo de ser treinado pelo dinamarquês Peter Gade, ex-número 1 do ranking (1998-2001) e considerado um dos maiores técnicos do mundo atualmente. Contratatado pela Federação Francesa de Badminton para colocar a França entre as três potências europeias do esporte, Gade nutre admiração pelo brasileiro “sempre sorridente”.

"Ygor vem de um país que não tem a cultura do badminton e ele conseguiu disputar os Jogos Olímpicos com pouca experiência. Tenho muito respeito por isso, que foi uma primeira etapa" declarou. No entanto, nessa outra fase para integrar o chamado segundo escalão do ranking, reunindo os 40 melhores da modalidade, o carioca terá que se empenhar em diversos aspectos, segundo o dinamarquês.

Peter Høeg Gade ex-jogador profissional de badminton
Peter Høeg Gade ex-jogador profissional de badminton RFI

"Essa nova etapa é mais difícil, mas ele é jovem, gosta do badminton e quer trabalhar duro, mas no badminton é preciso construir bases sólidas e assim como para muitos outros atletas franceses, é preciso construir essas bases", garante.

Mas no período em que vai acompanhar o atleta, não será possível verificar grandes avanços, segundo Gade.   

“No caso de Ygor, três meses são insuficientes. Seria preciso ao menos, um, dois, três anos", avalia. "Talvez ela tenha inspiração, ideias de como vai poder desenvolver os fundamentos básicos de técnica, movimentação das pernas, endurance, movimentação, diferentes aspectos para um jogador de badminton", afirmou. "Ele escolheu a categoria mais difícil, e não vai ser fácil. Mas estamos contentes por tê-lo na equipe. Ele é simpático, sempre está sorrindo e disposto a trabalhar duro. Espero que aproveite bem o estágio", concluiu.

Ambição do Top 20

Ygor, de 19 anos, foi revelado pelo projeto Miratus, criado por seu pai Sebastião Coelho na zona oeste do Rio de Janeiro para comunidades carentes. O carioca se tornou o primeiro atleta a representar o badminton masculino do Brasil nas Olimpíadas e mesmo derrotado na estreia, comemora até hoje o feito de uma carreira que pretende chegar longe.

Sargento do exército com contrato com as Forças Armadas do Brasil pelos próximos oito anos, Ygor tem apoio da Bolsa Atleta e de outros dois patrocinadores, que garantem uma renda mínima para participar de torneios internacionais.

Desde que chegou à França, Ygor já disputou dois torneios, na Bélgica e na República Tcheca, sem conseguir render o esperado. Depois de superar uma lesão nas costas, ele renunciou a disputa em uma competição na Holanda esta semana para focar na etapa francesa do prestigioso circuito Super Series da Federação Internacionalde Badminton, que será disputada em Paris no final de outubro.

O atleta de badminton Ygor Coelho
O atleta de badminton Ygor Coelho RFI

Considerada uma das mais importantes competições de badminton, depois dos Jogos Olímpicos e do Campeonato Mundial, o Super Series será a ocasião para Ygor avaliar sua evolução desde que começou seu estágio no INSEP.

“Estou me preparando bastante para jogar esse torneio que é tão importante quanto às Olimpíadas. Mas não estou criando expectativas. Quero ver jogo a jogo”, diz, com a esperança de passar pelas eliminatórias e entrar no quadro principal.

Ele garantiu sua presença por ser o atual 64° do ranking mundial, mas sua experiência na França também confirma sua pretensão de investir na carreira para, dentro de alguns anos, figurar entre os 20 melhores do mundo. “Eu tenho talento para esse esporte. Tenho que investir enquanto sou novo. Estou trazendo essa experiência dos Jogos Olímpicos, que disputei no Rio, local onde nasci, aqui para a França. Estou começando a subir”, afirma.

“Com as Olimpíadas, eu me tornei um espelho. Se alguém tem um sonho, tem que correr atrás que um dia dá certo. Essa é a minha visão”, diz.

 

 

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