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JO 2024

Paris aposta em charme da cidade e de Macron para ser sede dos Jogos de 2024

Está lançada a sorte. Duas cidades glamorosas e poderosas – Paris e Los Angeles – brigam por um título: ser sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024. Quem vai ganhar: o charme europeu da capital francesa ou a modernidade ensolarada de L.A.?

Emmanuel Macron faz a torre Eiffel com as mãos.
Emmanuel Macron faz a torre Eiffel com as mãos. STEPHANE DE SAKUTIN / AFP
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A comissão de avaliação do Comitê Olímpico Internacional (COI) acabou de percorrer Paris durante quatro dias para conhecer as infraestruturas e o potencial da cidade. Na semana passada foi a vez de Los Angeles. Os pareceres para ambas foram altamente elogiosos. “É a visão dos Jogos que vai fazer a diferença entre duas candidaturas técnicas muito fortes”, declarou nesta terça-feira (16) o suíço Patrick Baumann, presidente da comissão do COI, durante coletiva de imprensa.

“As duas candidaturas não apresentam riscos maiores, ambas oferecem estruturas, garantias, cultura olímpica, vilas de atletas fantásticas que correspondem a todas as nossas exigências”, explicou Baumann, que também é secretário-geral da Federação Internacional de Basquete (Fiba). “São cidades em dois países muito diferentes, com visões diferentes e é isso um elemento chave que vai direcionar a decisão dos 95 integrantes do comitê olímpico”, acrescentou.

“Paris quer receber o mundo, a França está conosco, a herança é sobretudo humana”, declarou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, na coletiva.

O Grand Palais vestido para os Jogos de 2024.
O Grand Palais vestido para os Jogos de 2024. REUTERS/Gonzalo Fuentes

Maratona de visitas

O comitê de avaliação fez uma verdadeira maratona por Paris, começando por uma vista panorâmica a partir do terceiro piso da Torre Eifell, passando pelo Stade de France, Roland-Garros, Castelo de Versalhes e o Grand Palais, para sentir de perto a ideia de “Jogos” compactos, defendida pela França para transformar a capital em “parque olímpico” de acordo com a escala da cidade.

Baumann visitou a Cité du Cinéma, ao norte de Paris, que vai ser a praça de alimentação e coração da vila olímpica que vai ser construída na região carente de Île-Saint-Denis. “Um projeto extraordinário, perfeitamente adaptado às necessidades”, declarou o presidente da delegação. Campeões olímpicos franceses, como o jogador de futebol Lilian Thuram, ajudaram na recepção da comissão do COI.

Terceiro dia de visita da Comissão de Avaliação do COI a capital francesa.
Terceiro dia de visita da Comissão de Avaliação do COI a capital francesa. FRANCK FIFE / AFP

Quando em final de julho do ano passado Boston anunciou que não iria ser candidata por causa da grande desaprovação popular, a comissão olímpica americana se voltou para Los Angeles, que logo adotou a ideia e correu contra o relógio para montar sua apresentação, que tinha prazo até setembro.

Roma, Budapeste e Hamburgo também acabaram desistindo no meio do caminho diante dos altos custos e exigências do COI. O endividamento excessivo de cidades que já foram sede, como o Rio de Janeiro, virou exemplo a ser evitado.

Jogos de sedução

Fica então o braço de ferro entre o charme da Velha Europa e a modernidade colorida de L.A. Ambas as cidades já receberam os jogos duas vezes: Paris, em 1900 e 1924, e Los Angeles, em 1932 e 1984. Há discussões sobre uma dupla atribuição, ou seja, de que uma seja sede em 2024 e a outra, em 2028. Mas nenhuma das duas, por enquanto, abre mão de 2024.

Para o New York Times, “Los Angeles é talvez a única cidade americana que poderia receber uma Olimpíada”, citando a extensa rede de estádios e arenas, muitas herdadas dos Jogos de 1984, outras ligadas a grandes clubes e universidades. “Estamos acostumados com grandes eventos, é natural para nós”, declarou o prefeito Eric M. Garcetti ao defender a candidatura da cidade californiana, que conta ainda com a torcida popular, que guarda excelentes lembranças do último evento olímpico.

Uma das poucas ressalvas que se faz a Los Angeles é a grande extensão da cidade, com mais de 60km. Mas a candidatura californiana prevê a construção de uma nova linha de metrô, com financiamento federal de mais de US$ 1,6 bilhão.

Os logos dos Jogos de Los Angeles e de Paris.
Os logos dos Jogos de Los Angeles e de Paris. DR.

Macron vira garoto propaganda dos Jogos

O New York Times diz também que pessoas que acompanham as duas candidaturas opinam que a comissão pode pender para Paris antes, para 2024, em sinal de apoio aos ataques terroristas que a cidade sofreu. Além disso, alguns membros do comitê americano acham no mínimo constrangedora a possibilidade de Donald Trump abrir os jogos de 2024, caso ainda seja presidente, diante dos esforços de sua administração em barrar a entrada de muçulmanos no país.

Em contrapartida, Paris reforçou sua candidatura justamente com ajuda do novo presidente francês, Emmanuel Macron, que abraçou a causa da capital e recebeu a delegação olímpica para almoçar no palácio do Eliseu. “Ele declarou que quer acompanhar o projeto até a vitória”, declarou Tony Estanguet, co-presidente do comitê de candidatura de Paris.

Macron também posou com as mãos formando um triângulo – em referência à Torre Eiffel – com toda o comitê e publicou um tuíte: “Parabéns à equipe #Paris2024, seu dinamismo orgulha a França”.

Roland Garros vestido para os Jogos de 2024.
Roland Garros vestido para os Jogos de 2024. REUTERS/Gonzalo Fuentes

Trump pode ajudar?

E mais: Macron prometeu estar em julho, em Lausanne, na Suíça, para a última apresentação das candidaturas e, em Lima, em setembro, para o anúncio da cidade vencedora, presença que pode acrescentar votos. Já Trump não se encontrou com o comitê na semana passada em Los Angeles.

O presidente do comitê de candidatura de Los Angeles, Casey Wasserman, admitiu à AFP que havia uma certa relutância em pedir a presença de Trump em Lima, lembrando um episódio “lamentável” para os EUA, quando, em votação em 2009, em Copenhague, alguns integrantes do COI se irritaram com o cordão de segurança feito ao redor do então presidente Barack Obama, que estava presente para apoiar a candidatura de Chicago. Para Wasserman, o incidente custou votos a Chicago.

Assista ao vídeo da candidatura de Paris:

 

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