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Brasileiros que ficaram na Rússia: para quem torcer agora?

A confiança na seleção levou muitos brasileiros a planejarem uma estada na Rússia na fase final da Copa. Além de encarar a decepção com a eliminação para a Bélgica, muitos tiveram que rever os planos e decidir ficar no país ou voltar para casa. E com uma grande dúvida: torcer para qual equipe erguer o troféu de campeã?

Os paulistas Ricardo Mattar ( à esq.), Ana Paula Mattar e Rogério Mattar.
Os paulistas Ricardo Mattar ( à esq.), Ana Paula Mattar e Rogério Mattar. (Foto: Elcio Ramalho/RFI Brasil)
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Enviado a São Petersburgo,

É fácil encontrar brasileiros em São Petersburgo, onde a equipe deveria jogar a semifinal se não tivesse sido eliminada pelos belgas. Os torcedores desfilam com camisetas, bonés, uniforme verde amarelo e outros acessórios com as cores e símbolos do país. Ouve-se também muito português nas ruas mais badaladas e pontos turísticos.

“Só trouxe roupa verde e amarela. Mas estou pensando em comprar um casaco preto”, brincou Ana Paula Mattar. “É legal usar porque os russos gostam de tirar fotos com a gente, neste sentido eles foram bem receptivos”, afirmou.

Ela e o marido Ricardo Antonio Mattar vieram de São Sebastião, litoral paulista, programaram para ficar até o dia 18 de julho e decidiram não mudar os planos. “A Rússia é um país espetacular, vamos ficar curtindo o país e a Copa.É legal acompanhar os jogos e a torcida na Fan Fest”, explica. Ele não tem preferência pelas quatro equipes que disputarão o troféu: “como brasileiro não dá para torcer para Bélgica, Inglaterra e França. A Croácia também vai perder, não dá”, diz, sorrindo.

O baiano Djalma Santana não aguentou a decepção com a derrota da seleção brasileira e decidiu antecipar a volta a Salvador. “Não aguento mais, estou aqui desde o início da Copa e não quero ficar na Rússia. Vim pelo futebol, já conheci várias cidades e não tenho mais clima para ficar”, disse. Ele não vai ficar com o ingresso condicional reservado pela Fifa aos torcedores dos países que seguem adiante e vai torcer, mesmo de longe, para a Croácia. “Estou engasgado com a França e espero que eles também percam”, afirmou.

Pior foi o amigo Gustavo Brasil. Ele chegou para o jogo contra o México, mas não conseguiu entrar no estádio e contava ver a seleção em São Petersburgo, antes de voltar para casa, na sexta-feira. “Estou mais triste que todos porque este seria meu único jogo com ingresso no Mundial. Para mim foi um balde de agua fria gigantesco. Agora é fazer turismo”, disse, resignado. Gustavo vai torcer a partir da agora para os belgas. “Para pelo menos dizer que perdemos para os campeões. Seria um consolo”, justificou.

Já Evandro da Costa e os amigos decidiram ficar no país. “Faltando agora só uma semana para terminar a Copa decidimos ficar porque o país nos acolheu bem”, diz. Sua torcida agora é para a França. “É um time mais organizado, superior em campo, tem jogadores mais experientes. Deve ganhar. É pelo futebol. Se for pelo histórico, Deus me livre!”, diz, em relação às eliminação da seleção par os franceses em 1986, 2006 e a final perdida em 1998.

Torcedores divididos

“Está uma depressão gigante. Mas estamos com ingresso e vamos curtir o que tem”, diz Marcos Lopes, do Rio de Janeiro. Questionado sobre o time que gostaria de ver erguendo a taça, ele hesitou: “A França é um inimigo histórico, a Bélgica nos tirou, a Inglaterra é um time chato, Croácia, talvez, mas não tem chances de ganhar. Está difícil”, admite.

O amigo Henrique de Souza não deixa de vestir com orgulho a camiseta da seleção, mesmo com a derrota. “Essa camisa com cinco estrelas todo mundo respeita. Não é uma derrota que vai fazer eu deixar de usá-la. Não deu dessa vez, mas vai ser na próxima”, diz confiante, já se projetando para a Copa de 2022.

“A poupança começa a partir do mês que vem, com R$ 500 por mês até o Catar”, diz.

Belga casado com brasileira espera apoio

O único belga visto no domingo pelas ruas de São Petersburgo exibindo orgulhoso as cores do país era Michael Codd. Casado com uma brasileira, Paola Vasconcelos, os dois tinham planejado a viagem pensando ver o Brasil na semifinal. “Meu marido é fanático por futebol, e chegou a me pedir desculpas pela seleção derrotar o Brasil, mas pelo menos ele ficou feliz”, contou.

O belga Michael Todd e a brasileira Paola Vasconcelos nas ruas de São Petersburgo
O belga Michael Todd e a brasileira Paola Vasconcelos nas ruas de São Petersburgo (Foto: Elcio Ramalho/RFI Brasil)

Agora o casal está unido para torcer por um só time. “Agora é Bélgica até a final”, diz Paola. Fantasiado com o famoso chapéu dos torcedores dos Diabos Vermelhos, Codd acredita que outros brasileiros também irão torcer por seu país, apesar da derrota nas quartas. “Os brasileiros e os russos também querem ver a Bélgica derrotar a França. Vai ser um jogo muito difícil, mas acho que a Bélgica vai vencer”.

Um grupo de amigos de Belém acredita que a derrota contra a Bélgica foi menos difícil de assimilar do que contra a Alemanha, em 2014. “A repercussão foi maior porque nós achávamos que com o time que tínhamos, poderíamos chegar até a final e ser campeões. Mas a recuperação vai ser mais rápida do que no 7 a 1 e vamos com tudo para o Catar”, diz Alberto Magalhães.

“Perdemos menos feio do que para a Alemanha, isso consola”, acrescentou o amigo Antonio Perdigão, que lamentou ter que ficar no país sem ver a seleção brasileira. “Claro que nos deixa triste porque o investimento que fizemos para vir aqui, financeiro, emocional, futebolístico, familiar, foi muito grande. Não deu. Futebol acabou para nós, mas o turismo continua”, diz.

“Estávamos torcendo para os russos, mas com a derrota deles, ficamos virgens.Vamos ver o futebol pela essência do futebol, sem torcer para ninguém. Que vença o melhor”, completou Magalhães.

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