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Brasil recebe medalha olímpica de bronze no atletismo 11 anos depois

Não é ano de Jogos Olímpicos, mas o Brasil ganhou nesta quinta-feira (31) uma medalha de bronze na Suíça. Onze anos depois de Pequim 2008, quatro brasileiros do atletismo, que fizeram parte do revezamento 4x100 masculino, receberam a medalha no Museu Olímpico de Lausanne. Isso aconteceu porque um dos companheiros de Usain Bolt, da equipe da Jamaica, que havia ficado em terceiro lugar, foi pego no doping. Com isso, a equipe do Brasil, integrada por Vicente Lenilson, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos Gomes Moreira, que estava em quarto, subiu uma posição e ficou com o bronze.

Os atletas (da esq. para a direita) Sandro Viana, José Carlos Gomes, Vicento Lenilson e Bruno Lins recebem a medalha de bronze recebida em Lausanne.
Os atletas (da esq. para a direita) Sandro Viana, José Carlos Gomes, Vicento Lenilson e Bruno Lins recebem a medalha de bronze recebida em Lausanne. Foto: RFI/ Valéria Maniero
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Valéria Maniero, correspondente da RFI na Suíça

Ao receberem a medalha pelas mãos do brasileiro Bernard Rajzman, medalhista olímpico e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), não faltou emoção e aplausos, principalmente por parte dos brasileiros presentes na cerimônia.

Vicente Lenilson, que já havia ganhado a prata na olimpíada de Sydney, levou a mulher e os dois filhos para vê-lo receber mais uma medalha, desta vez, não num estádio, mas num museu. A sensação, segundo ele, era de dever cumprido, e a família volta, agora, feliz para casa.

“A gente gostaria que tivesse sido no pódio olímpico, claro, mas estou muito feliz, porque minha família está junto, o reconhecimento foi feito, eu subo um degrau para o celeiro dos atletas que têm duas medalhas olímpicas. Essa foi uma conquista de muito trabalho, de muita dedicação”, disse ele, orgulhoso por estar representando o país e de elevar o número de medalhas do Brasil no quadro geral.

Hoje, Vicente e a mulher Maria Aparecida, que também foi atleta olímpica (Atlanta 1996), têm um projeto social de atletismo que atende 80 crianças em Cuiabá (MT).

“É a justiça sendo feita com atletas honestos”, diz o velocista.

Para Sandro Viana, receber a medalha 11 anos depois é a “justiça sendo feita com atletas honestos, que tiveram a lisura de respeitar o esporte olímpico”. A lembrança que ele guarda daquela prova de 2008 é a de que foi uma corrida incrível. Mas hoje, pouco antes de receber a medalha, ele disse à RFI que tinha dificuldades para explicar o que sentia, mas ao mesmo tempo, valorizava a conquista.

“Eu sei tudo o que eu passei nesses 11 anos e o que poderia ter acontecido se eu tivesse recebido a medalha na hora certa. Então, é uma confusão que ainda existe dentro de mim. É muito misturado, uma explosão de emoções. É como descobrir que se é pai já quando o filho é adulto, é uma coisa assim. Mas eu sou pai. Agora eu sou um pai responsável por um medalha olímpica e estou muito feliz de levar essa medalha para a minha terra, para o meu povo, que eu sempre tive orgulho de representar”, afirma Sandro, que é de Manaus e, após se aposentar este ano, recebeu uma proposta para se tornar atleta-guia (de um atleta paralímpico).

Medalha no peito e lágrimas nos olhos

O velocista Bruno Lins tinha a certeza de que seria medalhista em sua primeira experiência olímpica, em 2008, depois de tanto esforço e dedicação. Agora, ele acha que a justiça foi feita.

“Eu tinha esse sentimento, não sei porquê. Voltei para casa com uma certa mágoa até que, um dia, eu recebi uma ligação de que a Jamaica havia sido desclassificada e que, consequentemente, subiríamos ao bronze. Então, é uma emoção que realmente não cabe no peito. É um momento mágico. A ficha não tinha caído ainda, mas quando eu peguei a medalha na mão e olhei para ela, eu comecei a chorar, as lágrimas rolaram. O que não rolou em 11 anos, rolou agora. São lágrimas de felicidade, de hoje me tornar, oficialmente, medalhista olímpico e ter minha medalha em mãos”, disse ele, que foi para os Jogos de 2012 e 2016 e também quer ir para Tóquio, em 2020.

Para José Carlos Gomes Moreira, apesar de a entrega da medalha ter sido num lugar diferente, a satisfação era a mesma.“Eu estou muito nervoso, como se, realmente, fosse subir no pódio dentro do estádio, naquele clima olímpico”, afirma o velocista que, depois de ter participado dos Jogos Rio 2016, foi cuidar do pai, doente, “meu maior ídolo, meu maior fã”, a quem dedicou a medalha recebida.

De acordo com ele, como a subida ao pódio chegou tarde, os atletas perderam muita coisa, mas também haverá os ganhos de agora em diante.

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