Eleições legislativas na Bélgica podem acirrar separatismo no país
As eleições gerais antecipadas deste domingo na Bélgica serão decisivas. Os partidos separatistas flamengos são favoritos contra as legendas francófonas, o que poderá agravar ainda mais a crise política no país.
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Os belgas vão às urnas para eleger 221 membros do parlamento, sendo 150 deputados e 71 senadores. Com uma população de 10,5 milhões de habitantes, a Bélgica é um país culturalmente dividido entre as 6,5 milhões de pessoas que falam holandês e moram na região de Flandres, chamados de flamengos, e os 4 milhões de francófonos, que falam francês e habitam a região de Bruxelas-Valônia.
Segundo as últimas sondagens, a Nova Aliança Flamenga (N-VA) cresceu junto do eleitorado e tem 24 a 26% de intenções de voto na região norte do país. A taxa de indecisos permanece elevada, com as pesquisas apontando até 10% de abstenção. Contrariamente a muitos países da Europa, o voto na Bélgica é obrigatório.
O líder dos flamengos, Bart de Wever, de 39 anos, presidente da aliança N-VA, tornou-se o político mais popular da região de Flandres, onde vivem 60% dos belgas. Ele fez uma campanha marcada por apelos populistas contra os partidos francófonos e flamengos tradicionais, a seu ver incapazes de resolver suas divergências. Bart de Wever prega uma revolução no país, propondo um modelo "confederal" para a Bélgica. De acordo com o programa do N-VA, as regiões de Flandres e da Valônia deveriam ser economicamente autônomas e desenvolver acordos de cooperação, por exemplo na área da defesa. Provocador, o líder diz que a Bélgica está destinada a se evaporar.
Com 26% de intenções de voto, o N-VA pode se tornar a maior bancada do parlamento belga. Já a extrema-direita da legenda Vlaams Belang pode conquistar 10% do eleitorado flamengo. Somando os 5% de intenções de voto na Lista Dedecker, populista, os partidos separatistas de Flandres devem representar 40% do eleitorado flamengo.
Entre os partidos tradicionais, o partido cristão-democrata CD-V tem 19% nas pesquisas. A oposição socialista e os liberais são ainda menos cotados. Com esse cenário, a formação de um governo de coalizão pode demorar vários meses. Pior: a Bélgica assume em julho a presidência rotativa da União Europeia, em meio à pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial.
Paradoxalmente, a ampla vantagem dos partidos separatistas flamengos pode resultar na nomeação de um primeiro-ministro francófono, o que não acontece desde a década de 70. O favorito é o socialista valão Elio Di Rupo, de 58 anos, que deve chegar à frente do liberal Didier Reynders na Valônia. Isto porque o flamengo Bart de Wever não é candidato e excluindo-se os partidos separatistas ou extremistas, os socialistas podem emergir das urnas como a força política mais importante entre os moderados.
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