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Papa/Grã-Bretanha

Papa faz visita histórica à Grã-Bretanha e se diz "chocado" com pedofilia na Igreja

O papa Bento 16 começou nesta quinta-feira uma visita histórica de 4 dias ao Reino Unido, marcada pelos escândalos de pedofilia na Igreja e declarações polêmicas de um cardeal sobre a Grã-Bretanha. Durante voo que o levava ao país, o Papa admitiu erros da Igreja Católica e se disse "chocado" com as revelações de abusos sexuais envolvendo padres e religiosos católicos.

O papa Bento 16 com a Rainha Elisabeth II no palácio de Holyrood$.
O papa Bento 16 com a Rainha Elisabeth II no palácio de Holyrood$. Reuters
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com Guilherme Kfouri, correspondente da RFI em Londres,

Durante o voo que o levou da Itália à Escócia, Bento 16 deu uma entrevista em que revelou ter ficado chocado e muito triste com a revelações de casos de pedofilia na Igreja. "Para mim as revelações foram um choque e uma grande tristeza”, disse o Papa a um grupo de jornalistas que o acompanharam na viagem.

As revelações começaram em novembro de 2009, na Irlanda, com a publicação de um relatório denunciando centenas de casos de pedofilia cometidos por padres irlandeses e encobertos pelos responsáveis locais da Igreja.

O escândalo, que desencadeou a mais grave crise atravessada pela Igreja Católica, se propagou a outros países como a Alemanha e mais recentemente a Bélgica, onde centenas de casos de abusos foram revelados.

"A autoridade da Igreja não foi vigilante o suficiente", declarou Bento 16 considerando que a resposta da Igreja não foi rápida nem firme diante das medidas necessárias. As declarações são consideradas uma das mais contundentes do Papa por ter feito referência à “autoridade da Igreja”, ou seja, a mais alta hierarquia do catolicismo que inclue seu posto e também os dos bispos.

Visita histórica

A Rainha Elisabeth recebeu oficialmente o Papa na manhã desta quinta-feira no castelo de Holyrood, próximo a Edimburgo, primeira etapa de um giro que começa pela Escócia e segue por Londres e Birmingham, na Inglaterra.

O único papa que visitou a Inglaterra foi João Paulo II que esteve no país em 1982 e foi acolhido com muito entusiasmo. Apesar de não ter o mesmo carisma do seu antecessor, os católicos britânicos esperam que a visita seja um sucesso.

Organizações de defesa dos homossexuais e do direito da ordenação de mulheres na hierarquia da Igreja, no entanto, prometem realizar vários protestos durante a presença do sumo pontífice que visita a Grã-Bretanha a convite da Rainha Elisabeth II.

Além do escândalo sobre os casos de pedofilia, as declarações de um cardeal alemão sobre o país são motivos de críticas. Na véspera da chegada do Papa Bento 16 ao Reino Unido, o Vaticano minimizou as declarações controvertidas do cardeal alemão Walter Kasper.

Em uma entrevista publicada pela revista alemã Focus, o cardeal disse que quando um avião aterrissa no aeroporto de Heathrow, na periferia da capital, tem-se a impressão de estar chegando a um "país do Terceiro Mundo".

Kasper também declarou que um neo-ateísmo agressivo espalhou-se pela Grã-Bretanha e que se alguém estiver com um crucifixo em um avião da British Airways é vitima de discriminação.

O cardeal alemão, antigo responsável pelo Conselho Pontifício, deveria participar da visita junto com o Papa, mas sua ida foi adiada "por problemas de saúde", segundo o Vaticano.

O papa diz não estar preocupado com manifestações hostis com a sua presença no país. Durante sua estadia, Bento 16 deverá beatificar o cardeal John Henry Newman, convertido ao catolicismo em 1845. A cerimônia será em Birmingham onde os ingressos para participar do evento não foram todos vendidos.

Reações

Em uma mensagem transmitida pela internet, o primeiro-ministro britânico David Cameron oferece boas-vindas ao papa Bento 16. Apesar da polêmica em torno da primeira visita de estado de um papa ao Reino Unido, o chefe do governo britânico classificou o giro de quatro dias como “histórico” e “incrivelmente importante”.

Segundo uma pesquisa encomendada pelo jornal The Times, apenas 14% dos britânicos apoiam a visita do chefe da Igreja Católica ao país. Apenas 10% da população do Reino Unido é católica. Mesmo assim, o governo britânico assumirá gastos de ate 14 milhões de euros com a visita.

O jornal The Guardian publicou uma carta assinada por cinquenta personalidades públicas que se opõem à visita oficial do Papa ao país. Eles criticam a posição do Vaticano quanto ao direitos dos homossexuais, a proibição de métodos contraceptivos e ao aborto.

Oficiais da Igreja Católica se recusaram a confirmar se Bento 16 vai ou não pedir desculpas publicamente pelos abusos cometidos por padres. Mas segundo o jornal The Independent, o Papa teria planos para se encontrar com vítimas de abusos em reuniões privadas.

Ja o diário Daily Mirror pede que manifestantes tenham prudência. “Nós não gostaríamos que nossa Rainha fosse maltratada durante uma visita oficial à Itália”, diz o jornal. O texto afirma que os seis milhões de católicos que vivem no país devem ter o direito de celebrar a visita do papa com dignidade.

 

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