Ministro do Interior romeno se demite após polêmica do referendo

O ministro do Interior romeno, Ioan Rus, anunciou sua demissão nesta segunda-feira. Ele está no centro de uma polêmica sobre a organização do controverso referendo sobre a destituição do presidente Traian Basescu, realizado no dia 29 de julho. Membro da coalizão no poder em Bucareste, Ioan Rus se disse vítima de "pressões inaceitáveis".

Referendo romeno sobre a destituição do presidente Traian Basescu foi realizado no dia 29 de julho. REUTERS/Bogdan Cristel

“Eu apresentei minha demissão para defender minha honra”, declarou à imprensa nesta manhã. Ele disse estar sendo coagido “por todos os lados”, até mesmo por seu partido, União Social Liberal (USL).

Além de sua demissão, Rus também anunciou a saída do secretário de Estado, Victor Paul Dobre.

A Corte Constitucional romena deve divulgar no dia 31 de agosto sua decisão sobre a validação do referendo, após verificar as listas de eleitores utilizadas para a votação.

Polêmica

86% dos eleitores participantes votaram a favor da destituição de Basescu, mas segundo os resultados do escritório eleitoral central, o índice de participação foi de 46,24% - menos do que os 50% necessários para que a corte constitucional valide o resultado. Desta forma, Basescu deveria retornar à presidência do país.

No entanto, integrantes da USL e o presidente interino, Crin Antonescu, defendem que as listas não foram atualizadas e contavam com menos inscritos, esperando chegar ao número de participação necessário para que Basescu deixe o poder.

Como tem feito desde o dia 24 de julho, Rus voltou a afirmar hoje que as listas foram reorganizadas até dia 10 de julho, eliminando 21 mil eleitores antes do referendo que não tinham mais direito de voto. “Sou um homem político honesto”, declarou.

"Exerceram sobre mim e sobre meu ministério múltiplas pressões, discussões, críticas, e essas vieram da parte de homens políticos romenos, começando por Traian Basescu e terminando por Crin Antonescu. Do meu ponto de vista e do ponto de vista do ministério, essas atitudes são inaceitáveis", lamentou Rus.