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Eurovision/concurso

Vitória de travesti na Eurovision gera apoio e críticas

O travesti austríaco Conchita Wurst, conhecido por usar barba, venceu a Eurovision da Canção neste sábado em Copenhague, onde foi disputada a final do concurso que reúne artistas de todo o continente europeu. A conquista desencadeou uma onda de reações a favor da causa homossexual, mas também de críticas violentas de políticos conservadores e do movimento anti-gay.  

Conchita Wurst, travesti austríaco de 25 ans, venceu concurso Eurovision de 2014, disputado em Copenhague.
Conchita Wurst, travesti austríaco de 25 ans, venceu concurso Eurovision de 2014, disputado em Copenhague. REUTERS/Tobias Schwarz
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Vestido com um vestido longo e exibindo uma barba postiça, o travesti de 25 anos, venceu o concurso ao interpretar a canção Rise like a Phoenix. Ele conquistou o prestigioso prêmio ao somar 290 pontos, bem à frente do segundo colocado que obteve 238.

Com excessão da Estônia, os votos dos telespectadores dos 37 países participantes do concurso (que representam a metade dos pontos) colocaram Conchita entre os seis primeiros colocados. Na Rússia, o travesti austríaco chegou em terceiro lugar. Tanto nas semifinais como na final, Conchita impressionou pela potência de sua voz e interpretação.

Estudante de estilismo, Tom Neuwirth, verdadeiro nome do personagem de Conchita Wurst, disse recentemente em uma entrevista coletiva em Copenhague que criou a personagem de uma mulher barbada para mostrar que cada um pode fazer o que quiser. "Se você não estiver ofendendo ninguém, você pode fazer o que quiser de sua vida", declarou. Com o troféu da Eurovision na mão, Conchita dedicou o prêmio aos que defendem a liberdade e tolerância. 

Mensagem de tolerância

A consagração de Conchita Wurst é uma "mensagem de tolerância" ainda mais forte na medida em que ele foi alvo de muitas críticas homófobicas, avaliaram as associações de defesa dos homossexuais. "Parabéns à Conchita Wurst por uma vitória merecida e que nos abre os horizontes da tolerância", escreveu em sua conta no Twitter David e Jonathan, da associação francesa de homosseuxuais católicos.

Para o presidente da federação LGTB, Stéphanie Nicot, "o personagem Conchita Wurst não poderia ter feito outra coisa senão divertir: ele apresentou uma performance artística com um tom diferenciado. Não se deve fazer um símbolo", disse.

"Ninguém nos vai fazer parar", disse Conchita ao comemorar sua vitória e também quando foi questionada se tinha uma mensagem a passar ao presidente russo Vladimir Putin. A frase foi retomada e repetida pelos fãs em redes sociais.

Reações na Áustria

Segundo o correspondente da RFI em Viena, Nathanaël Vittrant, a vitória de Conchita Wurst não é unanimidade em seu país natal. A extrema direita, particularmente, não viu com bons olhos a Áustria ser representada por um artista fora do comum, que não aceita entrar na categoria de "ele" ou "ela". Antes mesmo da competição, mais de 38 mil pessoas pediram através do Facebook a saída de Conchita da competição.

A vitória na Eurovision, aguardada pelos austríacos há 48 anos, não convenceu muitos compatriotas. Logo após a competição, o site Kronen Zeitung lançou uma pesquisa on-line com a pergunta: "Vocês estão orgulhosos de Conchita Wurst ?".

Em poucos minutos, os opositores de Conchita se mobilizaram e o "não" já atingia 90% das respostas. Mas as redes sociais também registraram as manifestações diferentes. As mensagens de felicitação se multiplicaram. Muitos austríacos expressaram sua alegria pela imagem de tolerância que a nova "Rainha da Áustria" deu para o país.

Milhares de fãs também postaram diversas fotos no Twitter com celebridades ou anônimos com barbas postiças. Muitos deles querem ver Conchita apresentando a edição de 2015 da Eurovision. De acordo com a tradição, o país vencedor é quem organiza a edição seguinte do concurso.

Críticas violentas na Rússia

Na Rússia, a vitória de COnchita Wurst desencandeou uma onda de críticas de vários políticos e celebridades do país. O vice-primeiro ministro Dmitri Rogozine escreveu em sua conta no Twitter que o resultado da Eurovision "deu uma ideia aos partidários da integração europeia do que lhes espera ao juntar-se à Europa, ou seja, uma garota barbada".

"Nossa indignação não tem limites. É o fim da Europa. Ela enlouqueceu? Eles não têm mais homens e mulheres, mas um "isto", no lugar", declarou o nacionalista Vladimir Jirinovski à uma emissora pública de televisão."Há 50 anos o exército soviético ocupou a Áustria. Liberar o país foi um erro. Deveríamos ter ficado", afirmou o presidente do Partido liberal-democrático, conhecido por suas declarações polêmicas.

A cantora de rap Timati, escreveu em sua conta no Instagram que a vitória do travesti era a "doença mental da sociedade contemporânea". As candidatas russa na Eurovision, as gêmeas Anastasia e Maria Tolmatchevi, de 17 anos, terminaram o concurso em sétimo lugar.

O travesti ucraniano Verka Serdichka, que chegou ao segundo lugar na Eurovision 2007, apoiou o resultado. "Honestamente, devo dizer que no começou ficou um pouco chocada, mas depois, quando o vi, pensei: porque não?", disse.

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