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Suécia/Medicina

Mulher que recebeu transplante de útero dá à luz na Suécia

Pela primeira vez na história da medicina, uma mulher da Suécia deu à luz depois de receber um transplante de útero. A experiência bem-sucedida é considerada um marco no combate à infertilidade. O bebê, um menino, nasceu prematuro mas saudável em setembro, pesando 1,775 kg. A mãe deixou o hospital três dias depois do parto cesárea e a criança, dez dias mais tarde. Todos estão em casa e passam bem.

O professor sueco Mats Brannstrom (à direita), pioneiro no transplante de útero, conversa com dois membros de sua equipe, Andreas Tzakis e Pernilla Dahm-Kahler.
O professor sueco Mats Brannstrom (à direita), pioneiro no transplante de útero, conversa com dois membros de sua equipe, Andreas Tzakis e Pernilla Dahm-Kahler. REUTERS/Adam Ihse/TT News Agency
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A revista científica The Lancet revela neste sábado (4) que a mãe, de 36 anos, cuja identidade não foi revelada, recebeu o útero de uma amiga próxima de sua família no ano passado. Ela havia nascido sem útero, mas tinha ovários perfeitos. A amiga, de 61 anos, já estava na menopausa havia sete anos quando fez a doação. Antes do transplante, os médicos retiraram óvulos da mãe, que foram fecundados pelo processo de Fertilização in Vitro (FIV) e congelados durante um ano, aguardando o útero para transplante.

A experiência pioneira foi realizada pela equipe do médico Mats Brannstrom, professor de obstetrícia e ginecologia na Universidade de Gotemburgo. Foram dez anos de pesquisas. "O bebê é fantástico", disse Brannstrom, "mas é ainda melhor ver a alegria nos pais e o quanto eles estão felizes". O especialista sueco contou com a ajuda de sua mulher no parto, que também é obstetra. 

O transplante de útero representa uma esperança para milhares de mulheres que não podem ter filhos, seja porque sofrem de anomalias congênitas, perderam o útero para o câncer ou porque nasceram sem o órgão. Antes desse caso ter provado que o conceito funciona, alguns especialistas questionaram se um útero transplantado poderia manter um feto. Outros chamaram a atenção para o custo elevado do procedimento, que poderia ser uma opção inacessível para muitas mulheres. De qualquer forma, o professor Brannstrom afirma que, para se tornar uma alternativa rotineira, serão necessários vários anos de pesquisas.

Mais duas mulheres grávidas

Ao longo dos últimos dois anos, Brannstrom e sua equipe transplantaram úteros em nove mulheres como parte de um estudo. Porém, complicações fizeram com que dois desses órgãos precisassem ser removidos. No início do ano, o especialista sueco começou a transferir embriões para sete mulheres. Segundo ele, há duas outras mulheres grávidas no momento.

Antes desses casos, duas tentativas de transplante de útero foram realizadas na Arábia Saudita e na Turquia, mas nenhuma das mulheres conseguiu dar à luz.

Médicos no Reino Unido, França, Japão, Turquia e em outros países planejam operações similares, mas usando útero de mulheres que tenham morrido, em vez de órgãos de doadoras vivas. Alguns críticos dizem que utilizar o útero de uma pessoa viva é antiético e um risco muito grande para a doadora por uma operação que não tem o intuito de salvar uma vida. Brannstrom rebate esses argumentos afirmando que há poucas doadoras mortas na Suécia para considerar essa opção.

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