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Irlanda/ aborto

Irlanda autoriza eutanásia de mulher grávida com morte cerebral

O Tribunal Superior da Irlanda autorizou os médicos a desligarem os aparelhos que mantêm uma mulher grávida viva, 25 dias depois de ela ter a morte cerebral constatada. O caso provocou uma grande polêmica no país, ao relançar o debate sobre as regras para a realização do aborto.

A Corte Suprema da Irlanda (foto), na capital Dublin, autorizou o desligamento dos aparelhos que mantinham uma paciente grávida em vida.
A Corte Suprema da Irlanda (foto), na capital Dublin, autorizou o desligamento dos aparelhos que mantinham uma paciente grávida em vida. Wikipedia
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A mulher, de 26 anos, estava grávida de 14 semanas quando foi declarada morta devido a uma lesão cerebral, em 3 de dezembro. A família pediu o fim do tratamento médico, mas os especialistas a mantiveram em vida, baseados no princípio constitucional irlandês de que uma mulher e seu bebê têm direitos iguais à vida.

Em sua decisão, o tribunal declarou que manter a jovem viva significaria “privá-la da sua dignidade”, além de submeter o pai, o marido e os dois filhos pequenos dela a “uma tristeza inimaginável”.

“O estado da mãe piora com tamanha rapidez e a tal ponto que não será possível que a gravidez dure bastante tempo ou até o nascimento, com ela em vida”, destacaram os juízes. Eles disseram que a permanência dos aparelhos ligados era “um exercício fútil que apenas começou por medo de potenciais consequências judiciais”.

Irlanda é um dos países mais rígidos da Europa

O caso reascendeu o debate sobre as regras para a realização do aborto na Irlanda, um país de forte tradição católica e um dos mais rígidos da União Europeia nesse tema. Até o ano passado, o aborto era proibido no país, apesar de uma decisão da Corte Suprema de 1992 que permitia a interrupção da gravidez em caso de risco para a vida da mãe.

Em 2013, a Irlanda votou uma lei autorizando a prática, após um polêmico caso de uma mulher que morreu de infecção generalizada ao não conseguir se submeter a um procedimento abortivo em um hospital. O texto autoriza a interrupção da gravidez se a gestação implicar em um “risco real e substancial” para a vida da mulher e em caso de risco de suicídio. Um médico e dois psiquiatras precisam dar o aval à realização da prática.

Em 2012, 3.982 irlandesas, das quais 124 tinham menos de 18 anos, foram ao Reino Unido para fazer um aborto, de acordo com o ministério britânico da Saúde.

 

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