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Ucrânia/Conflito

A um dia de reforma constitucional, conflito na Ucrânia se intensifica

Onze pessoas morreram nas últimas 24 horas no leste separatista da Ucrânia. Depois de meses de calma relativa, a situação no país voltou a deteriorar na véspera da votação de um projeto de reforma constitucional, que deveria reduzir o conflito, ao garantir maior autonomia para os territórios rebeldes.

Soldados de Kiev patrulham cercanias de Donetsk, no leste separatista da Ucrânia
Soldados de Kiev patrulham cercanias de Donetsk, no leste separatista da Ucrânia REUTERS/Gleb Garanich
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As autoridades ucranianas anunciaram a morte de oito soldados - número mais alto em mais de um mês. Cinco deles perderam a vida em um confronto com um "grupo de reconhecimento" separatista na região de Lugansk. De acordo com o Conselho Ucraniano de Segurança e Defesa, outros 16 militares ficaram feridos na ação, em que os rebeldes teriam utilizado artilharia de 152 milímetros - armamento proibido pelo acordo de paz assinado em fevereiro, em Minsk.

Nas últimas 24 horas, o exército ucraniano sofreu um dos ataques mais intensos desde o cessar-fogo, estimou o Conselho de Segurança, acusando os inimigos de tentar arruinar o acordo de Minsk e retomar as hostilidades. Conforme a agência oficial separatista DAN, dois rebeldes e um civil foram mortos pelas forças de Kiev.

Otimismo ocidental

A violência coloca um ponto de interrogação na votação marcada para essa quinta-feira (16) no Parlamento ucraniano, que visa conceder maior autonomia a regiões do leste separatista. O ocidente considera que essa reforma é um passo em direção à resolução política do conflito, que deixou mais de 6,5 mil mortos em 15 meses e obrigou as autoridades pró-Kiev a buscar um acordo com os rebeldes.

Na noite de terça-feira, o presidente do Parlamento ucraniano, Volodymyr Groisman, recebeu telefonemas do presidente francês, François Hollande, e da chanceler alemã, Angela Merkel. De acordo com a embaixada alemã em Kiev, os dois elogiaram "o início de uma reforma constitucional baseada na descentralização" e pediram que sejam "levadas em conta as particularidades" dos territórios sob controle rebelde, "como prevê o acordo de Minsk". Paris e Berlim "apreciam que as duas partes se entendam sobre a reforma constitucional", segue o comunicado da embaixada.

A vice-secretária de Estado norte-americana, Victoria Nuland, que chegou a Kiev na manhã de quarta-feira (15), deve levar a mesma mensagem ao presidente do Parlamento, em um encontro marcado para esta tarde na capital. Ela permanecerá no país até quinta-feira.

Pessimismo ucraniano

Mas, entre as autoridades ucranianas, a resolução não gera a mesma empolgação. Muitos acreditam que ela poderia "congelar" o quadro atual do conflito, ameaçando a integridade territorial e comprometendo seriamente as perspectivas de integração do país à União Europeia. Isso porque o texto concede mais poder aos conselhos administrativos locais e regionais, sem, no entanto, confirmar definitivamente o estatuto de semi-autonomia aos territórios sob controle rebelde, como exigem os separatistas.

Pelo projeto apresentado, essa condição só poderia ser determinada por uma lei exclusiva e não poderia durar mais de três anos. De acordo com a imprensa ucraniana, os ocidentais pedem que o estatuto de semi-autonomia seja integrado à Constituição, uma ideia que enconta pouquíssimos adeptos em Kiev. "Isso seria uma confirmação de que perdemos a guerra", comentou um alto responsável ucraniano da área de segurança. Essa é também a opinião da maior parte da imprensa local.

Os poucos defensores da ideia argumentam que a Ucrânia, sob resgate financeiro da União Europeia, não pode se dar ao luxo de ignorar os pedidos de seus parceiros ocidentais. Caso seja aprovada, a reforma deve ser ainda confirmada por uma segunda votação em outono - um disputa que se indica acirrada.

Com informações da AFP

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