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Croácia/migrantes

Após Hungria, Croácia fecha as fronteiras para os migrantes

Depois da Hungria, é a vez da Croácia fechar as portas aos migrantes. Zagreb anunciou nesta sexta-feira (18) o bloqueio de sete de seus oito postos fronteiriços com a Sérvia, após a chegada de 13 mil refugiados. De acordo com a presidente croata, Kolinda Grabar-Kitarovic, "as coisas estão prestes a ficar fora de controle". O país se tornou a rota alternativa para a Europa, depois que a Hungria endureceu as leis contra a imigração e ergueu muros de arame farpado nas fronteiras.

Migrantes protestam contra a decisão de Zagreb de fechar as fronteiras, na estação de trem de Tovarnik, nesta sexta-feira (18).
Migrantes protestam contra a decisão de Zagreb de fechar as fronteiras, na estação de trem de Tovarnik, nesta sexta-feira (18). REUTERS/Antonio Bronic
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Em um comunicado, o ministério do Interior anunciou que o trânsito está proibido "nos postos fronteiriços de Tovarnik, Ilok, Ilok 2, Principovac, Principovac 2, Batina e Erdut". "Registramos até agora 13 mil migrantes em território croata, um número que indica que nossa capacidade de recepção está saturada", disse o ministro do Interior, Ranko Ostojic. Só nas últimas 24 horas, 5.650 migrantes chegaram ao país.

Diante desta afluência, "as coisas estão prestes a ficar fora de controle", afirmou a presidente croata, Kolinda Grabar-Kitarovic. "A Croácia demonstrou humanitarismo, mas muitos refugiados entram no país sem controle", disse.

Superlotação de trens

A pequena estação ferroviária de Tovarnik, cidade próxima à fronteira da Croácia com a Sérvia, está tomada por migrantes que querem embarcar em trens com destino à capital, Zagreb. De lá, esperam seguir viagem para o oeste do continente. "Há entre 4 mil e 5 mil pessoas tentando embarcar nos trens. Eles estão chegando, mas não podem transportar tantas pessoas", disse o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil (Acnur), Jan Kapic.

Alguns voluntários da Cruz Vermelha começaram a distribuir alimentos, com prioridade para bebês e crianças. "A situação aqui é difícil. São tantas pessoas. Não sabemos o que está acontecendo", disse o sírio Hasan Shekh-Hasan, de 25 anos, estudante de Direito.

A ministra croata da Saúde, Sinisa Varga, afirmou hoje que as autoridades calculam a chegada de mais de 20 mil migrantes nas próximas duas semanas. No entanto, o primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, advertiu que o país tem capacidades limitadas para receber e registrar os migrantes que transitam por seu território.

Mais arame farpado

Nesta manhã, o premiê húngaro Viktor Orban anunciou que mais uma cerca de arame farpado será erguida até o fim do dia, dessa vez na fronteira com a Croácia. Entre hoje e domingo, 1.200 soldados serão deslocados para a região.

Em Genebra, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou a atitude da Hungria xenófoba e chocante e criticou a hostilidade com os muçulmanos. "Estou assustado com estes atos sem coração, em alguns casos ilegais, das autoridades húngaras (...) Alguns são violações flagrantes das leis internacionais", declarou a instituição em um comunicado.

Comissão Europeia desiste de impor cotas

No plano político, a Comissão Europeia desistiu de impor cotas de migrantes aos países membros e convocou uma reunião extraordinária de chefes de Estado e de governo para 23 de setembro, um dia depois da próxima reunião de ministros do Interior, também extraordinária. A ideia é discutir a cooperação com os países de trânsito para que eles possam se instalar já nos locais de entrada. Neste sentido, o presidente francês François Hollande propôs ajudar a Turquia a acolher refugiados.

Para forçar os países ainda reticentes a receber refugiados, a Alemanha ameaçou impor o acolhimento pelo voto da maioria qualificada. Previsto pelos tratados europeus, esse dispositivo permite prescindir da unanimidade para que uma medida seja efetivada se aprovada por 55% dos Estados membros. A chanceler Angela Merkel também ameaçou, discretamente, cortar o financiamento europeu dos países do leste, ao dizer que o bloco é "uma comunidade de valores; quem não os compartilha não pode esperar receber indefinidamente" o dinheiro da União Europeia.

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