Centenas de mulheres se manifestaram neste domingo (17) em frente à catedral da cidade alemã de Colônia, local próximo à estação central, onde foram cometidas as agressões sexuais da noite de Ano Novo. O protesto foi contra a violência sexual, pelo direito de sair tranquilamente à rua, mas também em defesa dos imigrantes que chegaram nos últimos meses ao país.
Achim Lippold, enviado especial da RFI à Colônia
As manifestantes deixaram claro que não querem ser instrumentalizadas para a criação de uma política migratória mais dura, que é uma reivindicação forte dos políticos conservadores alemães.
No sábado, dezenas de imigrantes, principalmente jovens da Síria, também se manifestaram em frente à estação central, pedindo desculpas pelo episódio do Ano Novo, argumentando que nem todos os estrangeiros são agressores. Refugiados da Síria e Afeganistão ofereceram rosas às mulheres que passavam pelo local.
As investigações avançam lentamente. O procurador-geral encarregado diz que a identificação dos indivíduos é bastante difícil. Por enquanto, apenas 13 pessoas foram identificadas, em sua maioria argelinos e marroquinos. Alguns são requerentes de asilo, outros imigrantes ilegais.
Foram abertos inquéritos por roubo, mas não por agressão sexual, devido à dificuldade em se obter provas deste tipo de crime. Os produtos do roubo foram encontrados sem dificuldade – diversos telefones celulares nos alojamentos de imigrantes. A polícia tem 300 horas de gravações em vídeo que agora deverão ser explorados.
Debate político
Existem dois debates em curso no país. Primeiro, o que fazer com os imigrantes que continuam a chegar. O partido da chanceler Angela Merkel quer uma política mais restritiva – conta com apoio de 60% da população, de acordo com uma pesquisa de opinião. O segundo debate é o que fazer com refugiados que cometem crimes. Berlim já anunciou que vai facilitar a expulsão dos estrangeiros condenados. Uma pena de um ano já será o suficiente para provocar a expulsão do imigrante.
Mas existem dois problemas: não é permitido expulsar o refugiado quando ele é ameaçado de morte em seu país. Além disso, nações como a Argélia não permitem a entrada de cidadãos sem documentos. Então acabou virando método: para evitar a expulsão, os argelinos que entraram clandestinamente na Alemanha jogam fora seus documentos, pois sabem que, se expulsos, a Argélia não vai aceitá-los.
A pressão sobre Merkel é muito forte. Por enquanto, ela não muda os rumos gerais de sua política migratória, mas a questão é saber por quanto tempo a chanceler consegue sustentar essa posição.
Carnaval
A imprensa local descreve uma cidade traumatizada. Muitas pessoas dizem ter medo de sair à rua. Não apenas mulheres, mas também imigrantes. Há uma semana, seis paquistaneses e um sírio foram violentamente agredidos por militantes de extrema-direita.
Por outro lado, a cidade está se preparando para o carnaval, que é uma festa muito importante em Colônia, que para durante uma semana. A polícia terá um dispositivo de segurança especial, com apoio federal. Todo os policiais receberam ordens de não tirar férias durante o Carnaval.
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