Lobbies tentam impedir leis mais duras sobre armas na Europa
O ataque com arma de fogo na boate gay de Orlando, que causou a morte de 49 pessoas, reacendeu o debate sobre a posse de armas tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Na última sexta-feira (10), menos de 48 horas antes do atentado na Flórida, os ministros do Interior da União Europeia (UE) aprovaram um texto que proíbe a venda de armas semiautomáticas com alto potencial de disparos para civis. No entanto, a restrição não é consensual no bloco.
Publicado em:
Desde os atentados de Paris e Bruxelas, as autoridades europeias tentam endurecer uma regulamentação criada em 1991, considerada ultrapassada diante das novas ameaças. Os terroristas que atacaram as duas capitais europeias estavam armados com fuzis e carregavam uma grande quantidade de munição, além de cinturões de explosivos.
O conjunto de medida adotadas pelos 28 países, na semana passada, proíbe que civis detenham a maior parte das armas semiautomáticas, estabelece novos mecanismos de controle na venda desses produtos pela internet e cria regras para impedir que armas desativadas sejam reabilitadas por criminosos. O texto também propõe melhorias no sistema de gravação das armas, para facilitar seu rastreamento.
Segundo o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, essas medidas vão reforçar a segurança dos cidadãos europeus em relação à ameaça terrorista e ao crime organizado. Porém, diplomatas de países favoráveis às restrições advertem que a batalha não está ganha.
Parlamento Europeu sofre pressões para abrandar medidas
A nova legislação precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu. Países produtores de armas, como República Tcheca, Eslováquia e Polônia, atuam nos bastidores para reduzir seu impacto. Outras nações, como Finlândia, Bélgica e a Suíça, que não pertence à União Europeia, mas respeitará o acordo, obtiveram derrogações da lei. Na Finlândia, por exemplo, os reservistas que guardam armas de guerra em casa, com o consentimento das autoridades, foram excluídos da proibição. A legislação também abre exceções para suíços e belgas colecionadores de armas ou praticantes de tiro esportivo.
Apesar da oposição, a Eslováquia, que vai assumir a presidência da UE por seis meses a partir de julho, promete adotar o texto até o final do ano. Porém, os países favoráveis ao endurecimento das regras sobre a posse de armas advertem contra um possível abrandamento das propostas. Luxemburgo protestou contra as concessões feitas durante a negociação.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro