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Linha Direta

Itália teme retaliação terrorista por ação militar na Líbia

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A pedido do governo da Líbia, os ataques aéreos americanos ao grupo Estado Islâmico (EI) em Sirte têm ajudado as forças líbias a fechar o cerco contra os extremistas. O objetivo das operações é abrir o campo para uma ofensiva terrestre das milícias líbias leais ao governo do primeiro-ministro Fayez al-Sarraj e derrotar os jihadistas em seu principal reduto na Líbia.

Forças do governo apoiado pela ONU em plena ofensiva na cidade de Sirte contra jihadistas do grupo Estado Islâmico.
Forças do governo apoiado pela ONU em plena ofensiva na cidade de Sirte contra jihadistas do grupo Estado Islâmico. REUTERS/Goran Tomasevic/File Photo
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Gina Marques, correspondente em Roma

A Itália não foi consultada sobre a decisão dos ataques americanos, assim como aconteceu em 2011 com a ofensiva francesa. Mesmo assim, o governo italiano colocou as bases militares no território à disposição dos aliados americanos. Essa decisão do primeiro-ministro Matteo Renzi divide os políticos italianos preocupados com retaliações terroristas.

Internacionalmente, a Itália quis se colocar como o país chefe em uma eventual missão da ONU na Líbia. As ligações históricas com a ex-colônia no norte da África, a proximidade geográfica, separada pelo mar Mediterrâneo por uma distância de apenas 300 km, além dos interesses econômicos da exploração de gás e petróleo, levavam a crer que a Itália seria protagonista na missão líbia. Mas foi o premiê líbio, Fayez al-Sarraj, que pediu ajuda aos Estados Unidos.

Com os ataques americanos, agora a Itália vive um dilema. De um lado, é confortável para os italianos não se envolver diretamente nos bombardeios no território líbio, sobretudo com seus próprios meios militares. Por outro lado, a Itália teme ser descartada do tabuleiro internacional.

Participação da Itália na luta contra o grupo Estado Islâmico

Qualquer intervenção militar da Itália deve ser autorizada pelo Parlamento, mas uma medida aprovada em novembro passado permite ao chefe de governo autorizar missões militares de agentes de elite em países estrangeiros.

A estratégia da Itália é abater sem combater, em um plano baseado em três etapas. O primeiro passo é o de favorecer o estabelecimento de um governo de união nacional na Líbia. Assim são os soldados líbios, e não os italianos, a combater as milícias da organização Estado Islâmico em Sirte. Para participar da luta contra os extremistas, a Itália autorizou o uso das bases militares no seu território aos aliados americanos. Por fim, forças especiais italianas − junto com americanos, ingleses e franceses – estão na Líbia com funções de formação do exército líbio fiel ao governo al-Sarraj.

Os agentes de elite italianos, comandados pelos serviços secretos de Roma, participam de operações de desarmamento de minas terrestres e fazem a segurança de locais sensíveis, como embaixadas e sedes institucionais, incluindo a sede da ONU em Trípoli. Os italianos também fornecem hospitais de campo e, em casos mais graves, trazem os feridos para hospitais italianos.

Oposição questiona decisões de Matteo Renzi

Os italianos estão preocupados que as ações militares contra os extremistas possam causar retaliações terroristas. A preocupação foi levantada por partidos de oposição ao governo Renzi. Para os opositores, é como cutucar o diabo com vara curta.

Diariamente, dezenas de barcos partem do litoral da Líbia com migrantes ilegais dispostos a alcançar a costa da Itália e entrar na União Europeia. O tráfico de imigrantes representa uma enorme entrada de dinheiro para os grupos líbios. O premiê al-Sarraj alertou a Itália que nos barcos de migrantes podem viajar terroristas do EI. O dilema da Itália é fornecer bases militares, agentes e arriscar retaliações terroristas, ou ficar parada e enfrentar o tsunami migratório. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Poder na Líbia continua instável

A Líbia está em forte crise desde 2011, ano em que foi deposto e morto Muammar Kadafi. O ex-ditador controlou durante décadas, com mão de ferro, a rivalidade entre tribos e grupos armados líbios. Com o fim do regime, a Líbia mergulhou no caos. Nenhuma força política de consenso conseguiu se impor e unir o país, abrindo terreno para o fortalecimento dos jihadistas.

Os países aliados querem reforçar o governo de união nacional, denominado GNA, formado recentemente pela ONU e liderado pelo premiê al-Sarraj. Mas o poder no país africano ainda está dividido. As forças leais ao general Khalifa Haftar, instaladas no leste do país e opostas ao GNA, ameaçam atacar instalações petrolíferas.

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