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"Tudo caiu, menos as montanhas": o relato das crianças de Amatrice

 A apenas 100 metros da sala onde eram identificados os corpos das vítimas do terremoto em Amatrice, no centro da Itália, as crianças brincavam e contavam por meio de desenhos a experiência traumática, difícil de explicar com palavras: "Tudo caiu, menos as montanhas."

Doações de fraldas para crianças sobreviventes do terremoto em Amatrice, um dos vilarejos mais afetados pela tragédia.
Doações de fraldas para crianças sobreviventes do terremoto em Amatrice, um dos vilarejos mais afetados pela tragédia. REUTERS/Ciro De Luca
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"São crianças que sofreram um trauma. Em questão de instantes, tiveram que abandonar suas casas, e, desde então, não veem mais do que destruição", explicou Danilo Giannese, porta-voz da ONG Save the Children, que improvisou uma sala de jogos no local. Muitas das crianças que sobreviveram estão longe de casa, junto a familiares ou amigos, outras no hospital. Quinze delas vivem atualmente em barracas de campanha montadas pela Defesa Civil.

Sentadas em volta de uma mesa, várias crianças de entre 4 e 8 anos pegam uma caixa de tintas coloridas e começam a pintar. "Um desenho nos marcou especialmente: uma menina desenhou algumas montanhas e nos explicou que eram as de Amatrice, as mais belas do mundo. Acrescentou: 'Tudo caiu, menos as montanhas'", conta Danilo Giannese.

Embora continuem brincando e rindo, as crianças foram mais afetadas do que os adultos. "Em torno de 500 menores se encontravam na região do terremoto e, infelizmente, há muitos deles entre as vítimas", lembra o porta-voz da Save the Children.

Luto e futuro entre os escombros

Os pequenos que sobreviveram também sofrem: "hoje teremos que informar a um menino sobre a morte de seu pai. É um momento difícil", explica Ernesto Caffo, psiquiatra infantil e presidente da associação Teléfono Azzurro, criada na região de Bolonha e que desde 1987 se especializou no diálogo com crianças vítimas de traumas.

Os colaboradores da Teléfono Azzurro montaram sua sala de jogos na pequena praça do vilarejo de Amatrice, um dos mais atingidos pelo terremoto. Também oferecem apoio psicológico.

"As pessoas estão de luto, devemos tranquilizá-las. Tanto os adultos quantos as crianças. Para um familiar, é importante poder falar com as crianças sobre a morte de alguém próximo. Mas suas lágrimas podem dar uma sensação de insegurança", acrescenta Caffo.

"As autoridades estudam diferentes soluções, mas é provável que a volta às aulas seja em tendas de campanha", indica Ernesto Caffo. "Para as crianças, será muito importante voltar à escola, porque poderão falar umas com as outras, contar o que aconteceu", finalizou.

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