Migrantes fazem marcha rumo à Hungria para entrar na UE
Mais de 300 migrantes iniciaram nesta terça-feira (4) uma marcha de Belgrado em direção à fronteira húngara com a esperança de ingressar na União Europeia (UE). O movimento começou dois dias depois da realização de um referendo anti-imigração na Hungria, invalidado por falta de quórum.
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O grupo, escoltado pela polícia, chegou na tarde desta terça-feira a Zemun, a noroeste de Belgrado. Antes, eles protestaram brevemente no centro de Belgrado contra as medidas anti-imigrantes da Hungria, e pediram para entrar livremente em território da UE. “Precisamos de água e alimentos, pedimos que as fronteiras sejam abertas", afirmava um cartaz.
O número de migrantes bloqueados na Sérvia aumentou desde que a Hungria adotou em julho uma lei que permite devolver à fronteira os clandestinos detidos em um raio de 8 km em seu território. Segundo a ONU, mais de 5.500 pessoas estão atualmente bloqueadas na Sérvia, que tem uma capacidade de acolhida para entre 6.000 e 7.000 pessoas.
O presidente sérvio, Tomislav Nikolic, expressou na segunda-feira (3) sua preocupação pela situação e se referiu à necessidade de "fechar a fronteira aos migrantes" se eles continuarem chegando à Sérvia sem a possibilidade de prosseguir seu caminho em direção à Europa Ocidental.
Premiê húngaro recusa receber migrantes
A Hungria organizou no fim de semana um referendo sobre a política europeia de distribuição dos migrantes no bloco. O primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, contrário ao plano lançado por Bruxelas, que impõe um sistema de quotas de acolhimento para cada país do grupo, buscava o apoio da população sobre o tema.
O premiê obteve a esmagadora maioria de 98,3% dos eleitores que foram votar. No entanto, com uma quota de participação de 39,8% dos oito milhões de inscritos, o resultado da consulta foi invalidado.
Mesmo assim, o chefe do governo pretende continuar bloqueando as entradas no país. "Já que 98% votaram 'Não' à imposição para realocar os migrantes, o resultado do referendo precisa ser desenvolvido como lei", disse o primeiro-ministro à imprensa em Budapeste nesta terça-feira (4).
Ele sustenta que o resultado, mesmo sem quórum, reflete o amplo apoio dos eleitores a sua política, segundo a qual cabe aos húngaros "o direito de decidir" em matéria de política migratória.
Realocação de migrantes não é respeitada
No ano passado, os países da UE aprovaram redistribuir os 160 mil solicitantes de asilo que chegaram ao bloco, muitos deles deslocados de conflitos como o da Síria. No entanto, na prática, o dispositivo quase não é implementado. Apenas alguns milhares de refugiados que chegaram, principalmente na Grécia, foram realocados em outros países de acolhida.
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