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Polícia italiana nega acusações de tortura contra migrantes

A polícia italiana negou nesta quinta-feira (3) as acusações da ONG Anistia Internacional, que denunciou casos de tortura contra migrantes na Itália.

Migrantes esperam para desembarcar na Sicília, sul da Itália, em 23 de outubro de 2016.
Migrantes esperam para desembarcar na Sicília, sul da Itália, em 23 de outubro de 2016. REUTERS/Antonio Parrinello
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"Nego categoricamente que sejam utilizados métodos violentos contra migrantes, seja durante sua identificação ou sua repatriação", afirmou Franco Gabrielli, chefe da polícia italiana, em comunicado oficial. A ONG Anistia Internacional denunciou por meio de um relatório nesta segunda-feira (2) que a polícia italiana teria usado métodos "similares à tortura" para obter impressões digitais de migrantes.

"As pressões da União Europeia sobre a Itália para que seja mais 'dura' com os migrantes e com os refugiados levaram a expulsões ilegais e a maus-tratos que, em alguns casos, são semelhantes à tortura", escreveu a ONG, que considera Bruxelas em parte responsável por essa situação.

A política de "hotspots" - centros de registro criados pela União Europeia para facilitar a identificação de migrantes em sua chegada ao continente - levou a Itália a agir além da legalidade e a cometer "abusos escandalosos" por parte de alguns policiais, explicou o coordenador do relatório da Anistia Internacional, Matteo de Bellis.

Cassetetes e alicates

Para poder se instalar, ou para pedir asilo no país que escolherem, muitos migrantes se negam a se identificar em sua chegada à Itália. A lei europeia obriga hoje todos os migrantes a se registrarem no primeiro país do bloco em que chegam na União. A Anistia Internacional reuniu testemunhos de 24 pessoas que foram maltratadas. Dessas, 15 foram agredidas, inclusive com bastões, segundo o comunicado da ONG.

"Usaram um cassetete várias vezes na minha perna esquerda, depois sobre a direta, no peito e na barriga. Estava muito fraco para resistir e pegaram minhas duas mãos para obter - à força - as impressões digitais", relatou uma sudanesa de 16 anos. Um migrante de 27 anos relatou, por sua vez, ter sido obrigado a se sentar em uma cadeira de metal com um buraco, através do qual a Polícia pressionou alicates em seus testículos.

Diante desses relatos, a Anistia Internacional alertou para a importância de uma investigação independente, embora reconheça que "o comportamento da maioria dos policiais continue sendo profissional, e a grande maioria da tomada de impressões digitais aconteça sem incidentes".

As vítimas de violência não quiseram denunciar as agressões sofridas, mas a ONG decidiu notificar o Ministério italiano do Interior sobre os fatos por meio de uma carta.

 

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