Polícia italiana nega acusações de tortura contra migrantes
A polícia italiana negou nesta quinta-feira (3) as acusações da ONG Anistia Internacional, que denunciou casos de tortura contra migrantes na Itália.
Publicado em:
"Nego categoricamente que sejam utilizados métodos violentos contra migrantes, seja durante sua identificação ou sua repatriação", afirmou Franco Gabrielli, chefe da polícia italiana, em comunicado oficial. A ONG Anistia Internacional denunciou por meio de um relatório nesta segunda-feira (2) que a polícia italiana teria usado métodos "similares à tortura" para obter impressões digitais de migrantes.
"As pressões da União Europeia sobre a Itália para que seja mais 'dura' com os migrantes e com os refugiados levaram a expulsões ilegais e a maus-tratos que, em alguns casos, são semelhantes à tortura", escreveu a ONG, que considera Bruxelas em parte responsável por essa situação.
A política de "hotspots" - centros de registro criados pela União Europeia para facilitar a identificação de migrantes em sua chegada ao continente - levou a Itália a agir além da legalidade e a cometer "abusos escandalosos" por parte de alguns policiais, explicou o coordenador do relatório da Anistia Internacional, Matteo de Bellis.
Cassetetes e alicates
Para poder se instalar, ou para pedir asilo no país que escolherem, muitos migrantes se negam a se identificar em sua chegada à Itália. A lei europeia obriga hoje todos os migrantes a se registrarem no primeiro país do bloco em que chegam na União. A Anistia Internacional reuniu testemunhos de 24 pessoas que foram maltratadas. Dessas, 15 foram agredidas, inclusive com bastões, segundo o comunicado da ONG.
"Usaram um cassetete várias vezes na minha perna esquerda, depois sobre a direta, no peito e na barriga. Estava muito fraco para resistir e pegaram minhas duas mãos para obter - à força - as impressões digitais", relatou uma sudanesa de 16 anos. Um migrante de 27 anos relatou, por sua vez, ter sido obrigado a se sentar em uma cadeira de metal com um buraco, através do qual a Polícia pressionou alicates em seus testículos.
Diante desses relatos, a Anistia Internacional alertou para a importância de uma investigação independente, embora reconheça que "o comportamento da maioria dos policiais continue sendo profissional, e a grande maioria da tomada de impressões digitais aconteça sem incidentes".
As vítimas de violência não quiseram denunciar as agressões sofridas, mas a ONG decidiu notificar o Ministério italiano do Interior sobre os fatos por meio de uma carta.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro