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EUA/Eleição

Europa caminha para eleição de populistas com vitória de Trump

A imprensa francesa ainda está perplexa com a vitória de Donald Trump na eleição americana. Os editorialistas preveem um efeito dominó de vitórias sucessivas de políticos populistas nas eleições em vários países europeus. O rosto do magnata aparece em todas as capas dos jornais franceses nesta quinta-feira (10).

Os jornais franceses desta quinta-feira (10) analisam o impacto da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
Os jornais franceses desta quinta-feira (10) analisam o impacto da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. RFI
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"Um furacão" passou pelos Estados Unidos no dia 8 de novembro, mas os americanos querem acreditar que o país saberá se proteger de eventuais abusos de Trump resguardando as garantias constitucionais, escreve o Le Figaro. Em seu editorial, o jornal conservador considera que o voto em Trump não foi identitário − um voto racista, em outras palavras −, e sim "um grito de revolta contra as condições precárias de moradia e de trabalho, cada vez mais duras, num país que está se dissolvendo" pelo aumento das desigualdades. Uma realidade, que a América "oficial", os políticos de Wasghington, não quiseram encarar de frente.

A Europa atravessa a mesma situação, destaca o Le Figaro. "Os europeus devem tirar urgentemente as lições do voto americano, senão o cenário Trump vai se repetir nos países com votações previstas nos próximos meses, como Áustria, França e Alemanha. Em todo o Ocidente, os povos estão revoltados com o comodismo das elites intelectuais e a arrogância dos políticos e da mídia, declara o diário. "E não adianta apelar à caricatura de que foi "só o classe média baixa de pobres homens brancos" que votaram em Trump. Mais de 40% das mulheres, mais de um terço dos hispânicos e 12% dos afro-americanos votaram no bilionário, ressalta o Le Figaro.

Excessos do liberalismo econômico alimentam revolta popular

O diário católico La Croix afirma que a chegada de Trump à Casa Branca é "extremamente preocupante" e adverte que o medo e o isolacionismo são os piores conselheiros do homem. La Croix também estima que a vitória de Trump resulta de um sentimento compartilhado por milhares de americanos: o de terem sido alijados dos benefícios da globalização. Cenário idêntico ao do Brexit, no Reino Unido, e que alimenta o extremismo em vários países na Europa. Para o La Croix, o capitalismo liberal precisa levar em conta o critério de justiça social.

Le Monde faz uma análise semelhante. "A revolta venceu a eleição na América e essa onda de protesto está no ar em todos os países ocidentais." A classe média que se sente "rebaixada" pelos desajustes da globalização "sacode as elites tradicionais dos dois lados do Atlântico".

De acordo com o editorial do Le Monde, a eleição de Trump abre as portas de um novo mundo, que ninguém conhece ainda os contornos. Mas uma coisa é certa: o que era até pouco tempo reputado como impossível ou irrealista, não é mais. "No mundo inaugurado por esta eleição, tudo é possível, mesmo aquilo que ainda temos dificuldade de olhar de frente: a chegada de um partido extremista ao poder." A frase é uma alusão velada a uma não mais improvável vitória de Marine Le Pen na eleição presidencial francesa, no ano que vem.

O jornal de esquerda Libération diz que o mal-estar é profundo. A vitória de Trump evidencia que tanto o Partido Democrata quanto a esquerda, em vários países, não conseguiram responder aos anseios da maioria das populações. "A queda no padrão de vida, que afeta os mais pobres e uma parcela da classe média, foi totalmente subestimada pelas elites mundiais beneficiadas pelo sistema", conclui o Libération.

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