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Secretária do chefe nazista Joseph Goebbels morre aos 106 anos

Brunhilde Pomsel, a secretária do chefe de propaganda do regime nazista alemão Joseph Goebbels, morreu aos 106 anos em Berlim na sexta-feira passada, ironicamente no dia internacional em memória das vítimas do Holocausto.

Brunhilde Pomsel, ex-secratária de Joseph Goebbels
Brunhilde Pomsel, ex-secratária de Joseph Goebbels CHRISTOF STACHE / AFP
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Ela era considerada a última testemunha viva dos círculos do poder nazista e afirmava que nunca soube nada sobre os campos de concentração durante o período em que trabalhou para Goebbels.

A morte foi anunciada na segunda-feira (30) por Christian Kroenes, diretor do documentário "A German Life", com entrevistas com Pomsel, lançado em 2016. No filme, ela contou que apenas ficou sabendo dos crimes nazistas em 1950, quando foi libertada pelos soviéticos, após cumprir uma pena de cinco anos de prisão.

De 1942 até o final de Segunda Guerra Mundial, em 1945, Pomsel trabalhou como secretária e estenógrafa de Joseph Goebbels, um dos mais temidos e influentes dirigentes do regime de Adolf Hitler. "Devo reprovar-me por não ter me interessado por política?", questionou Pomsel no documentário. "Nós mesmos estávamos em um gigantesco campo de concentração", completou, referindo-se à repressão a qualquer oposição e à onipotência da polícia política.

O diretor do documentário disse que manteve contato com Pomsel e que a última vez que falou com ela foi em 11 de janeiro passado, no dia do seu aniversário. "Ela estava cheia de energia e de esperança para o futuro", disse Kroenes. Pomsel morreu pouco depois de ter concluído sua autobiografia, cuja publicação está prevista para março.

Segundo Kroenes, Pomsel concebia o livro como uma mensagem contra a ascensão do populismo de direita nas democracias ocidentais. "Dada a evolução política na Europa e nos Estados Unidos, frente ao crescente nacionalismo na Europa, o auge do populismo de direita no mundo e a eleição de Donald Trump, ela qualificava suas lembranças de sinal de alarme para as gerações atuais e futuras", disse Kroenes.

Partido de extrema-direita

Pomsel contava que foi "aclamar" Hitler a partir de 1933 porque não sabia "o que ia acontecer". A Alemanha realizou um profundo trabalho de análise do seu passado, mas em muitas famílias alemãs o papel de seus parentes na máquina totalitária nazista continua sendo um tabu.

O arrependimento alemão gerou uma polêmica pública em meados de janeiro, após as declarações de um dirigente do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que considerava lamentável a existência de um memorial do holocausto em Berlim.

Durante décadas, oficiais nazistas e da SS (organização paramilitar) escaparam à Justiça. Desde 2011 a Justiça alemã reativou investigações contra os últimos sobreviventes. Mas, devido à idade avançada e os problemas de saúde da maioria, apenas alguns deles foram julgados e condenados.

Em junho passado, em uma entrevista à agência France Presse, Brunhilde Pomsel disse que tinha "a consciência tranquila"."Sobre Goebbels pode-se dizer uma coisa, era um ator excelente", afirmou. Para ela, a imagem de "anão raivoso" que vociferava e gesticulava ante as multidões era um papel que ele interpretava.

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