Manifestação em defesa da acolhida de refugiados reúne mais de 160 mil em Barcelona
Uma passeata neste sábado (18) em Barcelona reuniu mais de 160 mil pessoas, segundo a polícia, em apoio ao acolhimento de refugiados, com o tema “Volem acollir” (queremos acolher, em catalão). O evento foi organizado pelo movimento Casa Nostra, Casa Vostra (nossa casa, sua casa), criado em novembro do ano passado.
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O objetivo da manifestação, que contou com a participação de empresas, ONGs, movimentos sociais, coletivos e partidos políticos, é pedir que o governo espanhol cumpra seu compromisso de receber 17 mil refugiados, assinado com a União Europeia, e criticar os acordos para deixar os migrantes em países próximos às zonas de conflito, como a Turquia.
Os manifestantes também lamentaram os milhares de mortos no mar Mediterrâneo, que perderam as vidas tentando chegar de barco à Europa, e a situação trágica nos campos de refugiados.
O movimento Casa Nostra, Casa Vostra lançou um manifesto, que já conta com mais de 68 mil assinaturas. O documento diz que “os países União Europeia estão longe de oferecer uma solução para a situação, restringindo ainda mais o trânsito das pessoas”.
Livre circulação
Também pede que o governo regional “converta a Catalunha em terra de acolhimento, garanta a inclusão e o desenvolvimento digno dos migrantes, defenda o direito à livre circulação de pessoas e trabalhe para erradicar as causas da injustiça, a violência estrutural, a guerra e a vulneração dos direitos humanos”. “Não estamos pedindo nenhum favor. Exigimos apenas que se cumpra a lei”, disse uma porta-voz do movimento.
Na manifestação, pessoas seguravam faixas e cartazes com frases como “Catalunha, terra de acolhimento” e “Chega de desculpas: queremos acolher agora!” "Temos que ser solidários. Depois da Guerra Civil Espanhola, nossos exilados foram acolhidos por outros países", diz o artista plástico catalão Francesc Pasqual i Armengol, que participou da passeata.
O protesto terminou simbolicamente às margens do mar Mediterrâneo, onde mais de 5 mil migrantes morreram em 2016. "Somos vítimas da guerra", disse em discurso a refugiada síria Meera Zaroor. "Queremos que o ditador Bashar al-Assad e a organização Estado Islâmico, que são duas faces da mesma moeda, saiam e possamos voltar ao país", completou, interrompidas por aplausos.
Sanção severa
Na quarta-feira, a presidente da província de Barcelona, Mercè Conesa, disse publicamente que considerava "vergonhoso" que a "Espanha tenha acolhido somente mil refugiados".
Junto com prefeitos de outras cidades da Catalunha, Conesa pediu à Comissão Europeia que "comece a sancionar de maneira severa" os países que não cumprirem com seus compromissos de acolhida.
Barcelona apresentou desde o mês de agosto de 2015 um plano para receber refugiados vindos da Síria, Iraque, Afeganistão e Eritreia.
Mas, em 2016, a prefeita da cidade, Ada Colau, lamentou que a Espanha tenha admitido pouquíssimos refugiados e foi até Bruxelas para "criticar a resposta dada pela Europa" diante da crise migratória.
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