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Cantão suíço de Zurique não quer visita de chanceler turco

As autoridades do cantão de Zurique, na Suíça, anunciaram nesta quarta-feira (8) que solicitaram às autoridades federais que anulem, por razões de segurança, a visita, no domingo (12), do ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu.

O chanceler turco Mevlut Cavusoglu
O chanceler turco Mevlut Cavusoglu REUTERS/Umit Bektas
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O porta-voz do departamento de segurança do cantão, Urs Grob, explicou que, "tendo em conta as discussões extremamente controversas sobre a chegada de representantes turcos na Alemanha, as autoridades temem grandes manifestações na Suíça se Cavusoglu vier ao país".

"Mesmo com forte esquema policial, não podemos garantir que o evento irá ocorrer de forma pacífica e sem confrontos", destacou o cantão, cujas autoridades se recusam a ser "responsáveis" pelo ato em favor do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

A polêmica começou quando o governo alemão decidiu cancelar, na última semana, comícios eleitorais pró-Erdogan no país. A Turquia rebateu dizendo que a Alemanha recorria a “métodos nazistas”. Desde então, os dois países trocam uma guerra de palavras.

Porém, nesta quarta-feira, a Alemanha tentou resolver a crise diplomática, invocando a amizade entre os dois países. "Não há alternativa ao diálogo. Essa é a única forma, passo a passo, de poder voltar a uma relação normal de amizade entre os alemães e os turcos", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, no fim de um encontro com seu colega turco, Mevlut Cavusoglu.

Assunto interno

O ministro turco recebeu com frieza as palavras de Gabriel e disse que cabe à "Alemanha decidir se a Turquia é amiga ou não". Ele considera que a Alemanha tenta se envolver em assuntos turcos após a proibição, em uma semana, de quatro comícios a favor do "sim" no referendo de 16 de abril para reforçar os poderes do presidente Recep Tayyip Erdogan.

"O governo de Angela Merkel não deveria tomar partido no processo de referendo turco. É um assunto interno", afirmou. Ancara considerou que o cancelamento sucessivo de manifestações na Alemanha, onde vivem 1,4 milhão de eleitores turcos, é uma tentativa de favorecer o "não".

O governo alemão, por sua vez, negou qualquer tentativa de ingerência e rejeitou a responsabilidade no cancelamento desses atos. Ele diz que foram decisões das autoridades locais, que alegam motivos de segurança ou de logística. Esses atos deveriam contar com discursos de ministros turcos para defender o "sim" no referendo.

Mas esse caso está longe de ser a única fonte de tensão entre Ancara e Berlim. A Alemanha denunciou com veemência a prisão na semana passada do correspondente germano-turco do jornal Die Welt, Deniz Yücel, acusado de "propaganda terrorista".

Terroristas

Ancara critica, por sua vez, a Alemanha por abrigar "terroristas", sejam eles simpatizantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização terrorista de acordo com Turquia, União Europeia e Estados Unidos, ou supostos envolvidos no golpe de julho frustrado.

Berlim registrou nos últimos meses milhares de pedidos de asilo de cidadãos turcos, em particular dezenas de diplomatas e militares.

No entanto, para a Alemanha, a Turquia continua sendo um sócio fundamental, em particular para frear o fluxo de chegadas à Europa de solicitantes de asilo.

Em outros países da Europa, a ambição turca de querer fazer campanha para o "sim" no referendo também é mal vista.

O governo holandês considerou na sexta-feira passada "indesejável" a realização no dia 11 de março de um comício favorável a Erdogan em Roterdã, organizado pelos membros da importante comunidade turca na cidade portuária.

Por sua vez, o chanceler austríaco, Christian Kern, opinou no domingo que a UE deve proibir em seu seio os comícios organizados pelos líderes turcos na campanha para o referendo.

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