Acessar o conteúdo principal

“França deveria ter impedido chanceler turco de fazer comício”, criticam presidenciáveis

Impedido pela Alemanha, Áustria e Holanda de realizar comícios dirigidos às comunidades turcas da Europa, em favor do projeto que aumenta poderes do presidente Erdogan, o chanceler Mevlut Cavusoglu teve permissão da França para fazer um comício em Metz, neste domingo (12).

Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, durante comício pró-Erdogan em Metz, na França, em 12 de março de 2017
Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, durante comício pró-Erdogan em Metz, na França, em 12 de março de 2017 REUTERS/Vincent Kessler
Publicidade

Diante de cerca de mil pessoas, na cidade de Metz, no leste francês, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, defendeu a adoção do projeto de revisão constitucional que reforça os poderes do presidente Recep Tayyip Erdogan. A votação será feita através de um referendo no dia 16 de abril. Cerca de mil pessoas, especialmente vindas da região da Alsácia -Lorena acompanharam o discurso, balançando bandeiras do seu país.

A comunidade turca na França tem 700 mil pessoas, das quais 160 mil no leste; desse total, 70 mil votam.

Turcos na Europa com poder de voto

O chanceler tenta convencer as comunidades turcas de vários países europeus, com poder de voto, de dizer "sim" ao aumento de poderes de Erdogan. A iniciativa é vista com maus olhos por Alemanha e Áustria, que impediram o chanceler de entrar em seu território, e Holanda, que expulsou a ministra da Família, Fatma Betül Sayan Kaya, que ignorou a advertência para não ir a Roterdã. A reação da Turquia à expulsão foi extrema, associando a atitude da Holanda ao nazismo e ao fascismo. A Dinamarca se antecipou, pedindo o cancelamento da visita do premiê, prevista para o dia 20 de março.

O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, pediu calma aos dois lados, e solicitou à Turquia que evite excessos e provocações

"Turcos na Holanda são cidadãos holandeses"

O primeiro-ministro Mark Rutte, expressou neste domingo a sua intenção de não alimentar ainda mais a crise, mas defendeu a decisão de expulsar no sábado à noite (11) a ministra turca que não respeitou a advertência de não vir a Roterdã. Rutte também acusou a Turquia de querer tratar os holandeses de origem turca como cidadãos turcos. "São cidadãos holandeses", insistiu. Cerca de 400.000 pessoas de origem turca vivem hoje na Holanda.

François Fillon, Marine Le Pen e Verdes criticam Hollande

A participação de Mevlut Cavusoglu no comício eleitoral em Metz, em plena tensão entre a Turquia e países europeus, revoltou a direita e a extrema-direita francesas. Mesmo se o ministro das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, pediu apaziguamento geral e argumentou que a reunião não apresentava ingerência na política interna, os presidenciáveis dos dois campos reagiram de forma inflamada.

O candidato do partido Os Republicanos, da direita, François Fillon, acusou François Hollande de “romper de forma flagrante a solidariedade europeia”, analisando que deveria ter prevalecido uma posição comum na administração da demanda turca.

Marine Le Pen, candidata da Frente Nacional, de extrema-direita, questionou: “Por que temos que tolerar no nosso solo argumentos que outras democracias recusam? Nada de campanha eleitoral turca na França!”, ela tuitou.

O partido Europa Ecologia-Os Verdes também emitiu um comunicado reprovando a realização do comício, argumentando que a França se torna testemunha e fiadora do grave deslize autoritário que a Turquia conhece atualmente.

Quanto ao presidente Erdogan, agradeceu à França “por não ter caído na mesma armadilha que Holanda e Alemanha”.

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.