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Holanda: tom violento marca debate entre premiê Rutte e populista Wilders

Nesta segunda-feira (13), em Roterdã, aconteceu o último debate entre os dois principais candidatos das legislativas da Holanda. As discussões sobre o futuro do país foram virulentas, tendo como pano de fundo a crise diplomática com a Turquia, que cortou relações diplomáticas com a Holanda.  

Geert Wilders aponta o dedo para Mark Rutte (de costas) em debate em Roterdã, em 13 de março de 2017
Geert Wilders aponta o dedo para Mark Rutte (de costas) em debate em Roterdã, em 13 de março de 2017 REUTERS/Yves Herman
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A dois dias das eleições legislativas holandesas, o debate televisivo entre o atual primeiro-ministro Mark Rutte, do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD), e Geert Wilders, do Partido para a Liberdade (PVV), da extrema-direita, foi crucial para orientar os 60% de eleitores ainda indecisos. O resultado deve ser um termômetro da ascensão da extrema-direita na Europa e pode influenciar as outras eleições deste ano na França, Itália e Alemanha.

"Eu quero que a Holanda seja o primeiro país a acabar com o mau populismo, a acabar com o efeito dominó", declarou Mark Rutte no começo do debate, relembrando a saída do Reino Unido da União Europeia e a eleição presidencial dos Estados Unidos.

"Se vocês querem que seu dinheiro vá para os demandantes de asilo em Bruxelas e na África, ao invés de vir para vocês mesmos, votem para Mark Rutte", provocou o candidato loiro platinado, completando que "se vocês quiserem que a Holanda seja nossa novamente, expulsem este homem (Rutte) e me coloquem no escritório do primeiro-ministro", provocou Wilders, apontando ostensivamente para seu rival.

Mark Rutte acusou Wilders de mergulhar o país em uma crise política, reprovando seu radicalismo e suas declarações extremas sobre "a escória marroquina". "Não vou colaborar com o seu partido, senhor Wilders, não no meu governo, jamais", acentuou Rutte que, pela primeira vez, fez a afirmação cara a cara com seu opositor.

Crise diplomática com Turquia na campanha

Depois que o governo holandês proibiu o primeiro-ministro turco de entrar no país para fazer um comício pró-Erdogan, as relações bilaterais estremeceram; e a expulsão da ministra turca da Família de Roterdã, no sábado (11) envenenou definitivamente o cenário.

O presidente Recep Tayyip Erdogan chegou a fazer graves acusações, dizendo que a atitude da Holanda era nazista e fascista. Diante da posição de Rutte de não alimentar ainda mais o conflito, Geert Wilders não perdeu a oportunidade de pedir para "expulsar o embaixador turco na Holanda com toda a sua equipe".

"No passado, eu havia alertado o VVD contra a Turquia, o radicalismo islâmico, o presidente Erdogan... eles me expulsaram do partido, não me ouviram", acusou o deputado da extrema-direita, que em 1990 aderiu ao VVD, mas em 2006 fundou sua formação.

Pouco tempo depois de terminado o debate, a Turquia anunciou o corte das relações diplomáticas com a Holanda.

"Não jogo em quartas de final", rebate o xenófobo Wilders

Os dois rivais se conhecem bem e já trabalharam juntos, no primeiro governo de Rutte, em 2012. Mas as posições ultrarradicais de Wilders o levaram a deixar a coalizão.

Pouco antes do debate, Rutte fez uma comparação da votação com um jogo de futebol: "Podemos dizer que estas eleições são as quartas de final para impedir o mau populismo de vencer", afirmou, completando que "as semifinais serão em abril e maio na França, e a final na Alemanha, em setembro".

Durante o debate, Geert Wilders respondeu: "Eu não jogo em quartas de final, eu jogo uma final, uma final contra os mentirosos, contra os legisladores".

Mark Rutte é candidato a um terceiro mandato e diz que luta muito para evitar que no dia 16 de março a Holanda acorde com Geert Wilders como a maior força política.

As últimas pesquisas de intenção de voto mostram que o premiê é favorito. Se o debate influenciou os eleitores ou não? Resposta nas urnas no dia 15 de março.

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