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Linha Direta

Vitória de Macron, crítico ao Brexit, divide britânicos

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A menos de um mês de ir às urnas para escolher um novo Parlamento, o Reino Unido ainda tenta entender se a vitória de Emmanuel Macron na França será melhor ou pior para as negociações pela saída dos britânicos da União Europeia. Políticos e analistas estão divididos quanto à atitude que o novo presidente francês irá adotar diante do Brexit.

Theresa May espera vencer as legislativas de junho com ampla maioria dos votos, como o pró-europeu Macron na França, para ter mais força nas negociações para o Brexit.
Theresa May espera vencer as legislativas de junho com ampla maioria dos votos, como o pró-europeu Macron na França, para ter mais força nas negociações para o Brexit. REUTERS/Hannah McKay
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

O governo britânico, que espera ser reeleito para um novo mandato de cinco anos no dia 8 de junho, parece já estar tentando tirar vantagem da vitória de Emmanuel Macron na França na corrida eleitoral no Reino Unido. Na segunda-feira, a primeira-ministra conservadora, Theresa May, fez um discurso para candidatos de seu partido no qual falou da importância de garantir uma vitória semelhante ao do candidato do movimento Em Marcha. Ou seja, ela quer uma ampla maioria dos votos, que lhe daria mais força e mais poder para negociar os interesses de Londres no Brexit.

Mas na opinião de analistas, Theresa May e seu gabinete também ficaram aliviados com a eleição de Macron contra Marine Le Pen. Apesar de o novo presidente francês ser notadamente um simpatizante da União Europeia e um crítico do Brexit, o governo britânico acredita que a vitória de Le Pen teria provocado caos no bloco e isso atrapalharia as negociações para a saída do país do bloco.

Outro ponto que os analistas estão destacando é o fato de Macron já ter problemas suficientes para resolver dentro de casa antes de se dedicar inteiramente ao Brexit.

Ukip diz que França se rendeu à Alemanha

Houve também reações bastante negativas, principalmente por parte dos políticos chamados eurocéticos, ou seja, nacionalistas e contrários à influência da União Europeia. O grupo Leave.EU, que foi fundado pelo ultranacionalista Nigel Farage e seu Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP) para a campanha pelo Brexit, lançou ofensas aos franceses e ao presidente eleito através de sua conta no Twitter. O grupo disse que os franceses “se entregaram” aos alemães assim como fizeram em 1940, e afirmou que desta vez a Alemanha “economizou em munição e combustível”.

O próprio Nigel Farage tuitou que Macron será um fantoche de Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia. Farage ainda foi além e disse que daqui a cinco anos, Marine Le Pen vai voltar ainda mais forte porque “as políticas pró-europeias e pró-globalização do novo chefe de Estado francês vão fracassar”.

Outro nome forte da política britânica, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, se limitou a parabenizar Macron pela vitória e dizer que está ansioso para poder trabalhar junto com o novo presidente francês.

Fronteira franco-britânica em Calais

Além do Brexit e da clara diferença de interesses entre Theresa May e Emmanuel Macron, há outras questões que podem colocar britânicos e franceses em atrito a partir de agora, como o controle de fronteiras em Calais, no norte da França, e a geração de empregos nos dois países.

Uma das promessas de campanha do presidente eleito é renegociar o acordo de Le Touquet, que permite que os britânicos tenham um posto de controle de fronteiras em Calais, na França. Ele manifestou sua preocupação com o fato de o acordo deixar “no limbo” várias crianças refugiadas na cidade francesa. Na segunda-feira (8), o principal sindicato de caminhoneiros do Reino Unido alertou que o fim do acordo vai representar uma catástrofe econômica para os próprios franceses, já que Calais poderia perder o status de principal fronteira entre o continente e o Reino Unido.

Outra questão que preocupa os britânicos é o fato de Macron ter deixado claro que pretende criar incentivos para atrair de volta ao país os profissionais qualificados franceses que hoje vivem e trabalham no Reino Unido. Muitos bancos e grandes empresas multinacionais também falam recentemente em sair de Londres rumo a Paris por causa do Brexit e podem ver a eleição do jovem presidente francês como uma grande vantagem para isso ocorrer.

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