Aliança UE-China tenta salvar o Acordo de Paris sobre o clima
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, está em Bruxelas nesta sexta-feira (2) para reafirmar os compromissos da China em reduzir as emissões de gases poluentes, assumidos em 2015, no Acordo de Paris.
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas
Ao lado dos presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, Keqiang deve assinar, nesta sexta-feira, um acordo bilateral no qual as duas potências se comprometem “a liderar a transição energética para uma economia de baixo carbono”.
Ao unir forças com a União Europeia no combate ao aquecimento global e defesa do livre comércio, a China impulsiona seu projeto de voltar a ser o centro do mundo. Uma jogada de mestre. Com a decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar os EUA do Acordo de Paris sobre o clima, Pequim está pronta para preencher o vácuo de liderança deixado por Trump para se tornar líder global em energias renováveis.
Apesar de ser o maior poluidor do planeta, o objetivo da China é crescer apostando em indústrias e infra-estruturas de energia limpa. O país, quem diria, está em plena transformação. Em 2015, os chineses investiram US$ 103 bilhões em energia renovável, quatro vezes mais do que os EUA. Até 2020, esse investimento deverá criar 5 mil empregos por dia no país. A UE deve dar 10 milhões de euros ao governo chinês para apoiar o desenvolvimento de um mercado de carbono na China.
Segurança, defesa e imigração também estão na pauta
Mas a reunião em Bruxelas vai além das questões climáticas. Segurança, defesa e imigração também vão estar na mesa de negociações. Pequim busca apoio da União Europeia para o seu ambicioso projeto One Belt, One Road – a nova rota da seda -, que pretende ligar os centros industriais chineses aos mercados consumidores na Europa, Ásia e África.
Por outro lado, os europeus querem discutir questões delicadas como os direitos humanos na China. A UE deve pressionar o governo chinês a libertar alguns prisioneiros políticos. O mais famoso deles é o Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo.
Segundo a ONG americana Dui Hua, a China tem 5,8 mil pessoas presas por razões políticas e religiosas. De acordo com o relatório do grupo Chinese Human Rights Defenders (CHRD, Defensores dos Direitos Humanos na China), o número de presos políticos no país quase triplicou desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder, em 2012.
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