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Linha Direta

Após derrota em eleições, May enfrenta mais críticas por incêndio em Londres

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Menos de uma semana depois de ter perdido a maioria absoluta no Parlamento, o governo britânico se vê pressionado a rever suas políticas de moradia e segurança devido ao incêndio que atingiu um prédio residencial em Londres na quarta-feira (14). Pelo menos 12 pessoas morreram e 75 ficaram feridas na tragédia. Outras 13 continuam desaparecidas e centenas estão desabrigadas.

Doze pessoas morreram no incêndio que destruiu um prédio de moradias sociais em Londres
Doze pessoas morreram no incêndio que destruiu um prédio de moradias sociais em Londres REUTERS/Peter Nicholls
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A primeira-ministra, Theresa May, fez um pronunciamento na noite de quarta-feira, prometendo uma investigação detalhada do incêndio e o apoio às vítimas e seus familiares. Mas os partidos da oposição e a opinião pública estão exigindo respostas que expliquem a dimensão da tragédia.

Não à toa, todos os principais jornais britânicos exibem em suas capas a pergunta: “Como isso possível?”. O prédio, Grenfell Tower, tem 24 andares, mais de 120 apartamentos e foi construído nos anos 70 como parte de um programa público de habitação. Acredita-se que de 400 a 600 pessoas moravam no local – a maioria delas famílias de baixa renda que alugam os apartamentos por preços muito abaixo do mercado.

A subprefeitura de Kensington e Chelsea, que também abriga muitos dos imóveis mais caros do Reino Unido, é responsável por administrar quem tem direito a morar no local e pela manutenção do prédio, que é feita por uma empresa terceirizada.

Durante a quarta-feira, surgiu a notícia de que no ano passado, o então ministro da Habitação, Gavin Barwell, que agora é o chefe de Gabinete de Theresa May, tinha prometido um relatório revendo as políticas de prevenção a incêndio em moradias como a Grenfell Tower. Mas essa revisão ainda não foi iniciada.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, criticou essa falha e também atribuiu a tragédia ao fato de a política de austeridade adotada pelos conservadores nos últimos sete anos ter resultado nos cortes repassados às subprefeituras. Isso, consequentemente, afetou o orçamento para a manutenção das moradias populares.

Possíveis causas do incêndio 

Um dos fatos que mais chamaram a atenção na tragédia foi o fato de o fogo ter se alastrado em uma velocidade aparentemente fora do comum. A Grenfell Tower passou por uma grande reforma, que terminou no ano passado e custou 9 milhões de libras (equivalente a R$ 38 milhões). Parte da reforma tinha como objetivo modernizar o prédio para atender a novas normas de economia de energia.

O edifício todo de concreto ganhou um revestimento externo com placas de polietileno que fazem um isolamento térmico. Mas são justamente essas placas que agora estão sendo apontadas como a possível causa de o fogo ter se espalhado pelo prédio de maneira tão rápida.

Ficou evidente também que a reforma não seguia rigidamente a legislação de prevenção a incêndios. Não havia, por exemplo, um sistema de aspersão de água, e aparentemente os alarmes e detectores de fumaça falharam. Também foi apontado como um problema o fato de o prédio só ter uma escada interna e ter entulho acumulado nas vias de saída, o que atrapalhou a evacuação.

A associação dos moradores do edifício disse que já vinha reclamando desses problemas há vários anos, tanto para a subprefeitura como para a empresa terceirizada que administra o imóvel. Mas aparentemente essas reclamações vinham sendo ignoradas.

População teme que novas tragédias aconteçam

Londres e o resto do Reino Unido abrigam milhares de edifícios como a Grenfell Tower, prédios de moradia popular com mais de 10 ou 20 andares que também são administrados pelas subprefeituras. Para assegurar a população de que uma tragédia como esta não vai voltar a acontecer, as subprefeituras e as empresas que fazem a manutenção desses prédios já começaram na própria quarta-feira a emitir comunicados chamando a atenção dos moradores para medidas simples de segurança que podem evitar novos incêndios.

O prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, também pediu que o corpo de bombeiros e outros serviços de resgate revejam a política de orientar as pessoas a permanecerem em prédios que estão pegando fogo, que foi o que aconteceu na Grenfell Tower. Especialistas garantem que normalmente é mais seguro permanecer no imóvel com as portas fechadas e isoladas do que tentar sair. Mas no caso de prédios que passaram por reformas, essa compartimentalização fica comprometida. Ou seja, muitos argumentam que os bombeiros deveriam ter orientado os moradores a deixar o prédio na quarta-feira, o que não ocorreu.

Centenas de desabrigados 

As centenas de moradores da Grenfell Tower que sobreviveram ao incêndio estão abrigados em centros comunitários, igrejas, escolas e ginásios no bairro de North Kensington, no oeste de Londres. Moradores de casas e prédios próximos foram retirados por medida de segurança, até que o risco de desabamento da Grenfell Tower seja descartado.

Assim que foram divulgadas as primeiras notícias sobre a tragédia, várias pessoas recorreram às redes sociais para oferecer suas casas para os sobreviventes. Muitas organizações se mobilizaram  para arrecadar doações para as vítimas. Alguns centros de distribuição já dizem estar lotados de roupas, alimentos, brinquedos e artigos de higiene pessoal. Campanhas na internet já conseguiram acumular mais de 1 milhão de libras (equivalente a mais de R$ 4 milhões) para as vítimas até o momento.

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