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Theresa May paga 1 bilhão de libras para ter maioria absoluta

Nesta segunda-feira (26), a primeira-ministra conservadora britânica, Theresa May, chegou a um acordo com o ultraconservador Partido Unionista Democrático (DUP) norte-irlandês, o que permite recuperar a maioria absoluta na Câmara dos Comuns, em troca de um bilhão de libras. A oposição criticou o valor do acordo. 

Primeira-ministra britânica Theresa May ao lado de Arlene Foster(direita), líder do partido norte-irlandês DUP
Primeira-ministra britânica Theresa May ao lado de Arlene Foster(direita), líder do partido norte-irlandês DUP REUTERS/Stefan Wermuth
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"O DUP apoiará o governo conservador nas votações do discurso da rainha, do orçamento, da legislação sobre o Brexit e da segurança nacional", explicou a primeira-ministra em um comunicado. May contará com o apoio dos 10 deputados do partido liderado por Arlene Foster, após o fiasco das eleições de 8 de junho, quando perdeu a maioria absoluta.

Os conservadores têm 317 das 650 cadeiras da Câmara dos Comuns. Com as 10 do DUP, a base da primeira-ministra vai superar mais da metade dos deputados.

A Irlanda do Norte receberá um bilhão de libras adicionais como parte do acordo de governo entre o DUP e o Partido Conservador de Theresa May, anunciou Arlene Foster. "Saudamos este apoio financeiro de um bilhão de libras nos próximos dois anos", anunciou Foster em Downing Street, após assinar o acordo. Foster disse que este é um "bom acordo para o Reino Unido e bom para a Irlanda do Norte", ao mesmo tempo que elogiou o "espírito que reinou nas negociações".

Trabalhistas questionam acordo

May tentou tranquilizar aqueles que consideram que o acordo equivale a tomar partido entre unionistas e republicanos na Irlanda do Norte ao prometer seguir  "respeitando os interesses de todas as partes".

A oposição, no entanto, criticou o custo do apoio dos unionistas. "Claramente, o acordo Conservador-DUP não responde aos interesses do país, e sim ao interesse do partido de May de aferrá-la ao poder", disse Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o principal da oposição. "De onde vem o dinheiro para o acordo? As outras regiões do Reino Unido receberão o tão necessário financiamento adicional que a Irlanda do Norte receberá como parte do acordo?", questionou Corbyn.

Para o chefe do Governo regional de Gales, Carwyn Jones, o acordo é "indigno e inaceitável, pois acaba com a ideia de um financiamento justo para todas as nações e regiões" do Reino Unido.

Irlanda do Norte continua sem governo

Arlene Foster conquista assim o poder de afundar ou manter viva Theresa May e seu governo e, no entanto, não consegue formar o governo em sua província, rejeitada pelo Sinn Fein católico por sua suposta relação com um escândalo de corrupção. "Esta tarde voltarei à Irlanda do Norte para seguir negociando", ela disse.

O dia 29 de junho é a data limite determinada pelo governo britânico para que o DUP e o Sinn Fein formem um governo de coalizão ou poderia suspender a administração norte-irlandesa e administrar a província diretamente a partir de Londres.

Os acordos de paz de 1998, que acabaram com 30 anos de violência entre unionistas e republicanos na Irlanda do Norte, obrigam o maior partido de cada comunidade a uma aliança em um governo de coalizão.

As negociações com o DUP criaram mal-estar em alguns setores conservadores porque o partido norte-irlandês é ultraconservador, contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao aborto, ao mesmo tempo que nega as mudanças climáticas. Com o acordo, May tem a garantia de superar a moção de confiança que deve enfrentar esta semana, quando a Câmara dos Comuns votará sobre o discurso da rainha Elizabeth II, como é conhecido o programa legislativo dos próximos dois anos. Além disso, ela ganha um pouco mais de tranquilidade no início das negociações de divórcio com a União Europeia, que começaram há poucos dias e devem durar dois anos.

Apesar do DUP ter apoiado o Brexit no referendo de 2016, o partido deseja que a fronteira com a Irlanda - a única terrestre entre o Reino Unido e bloco europeu- permaneça aberta para não prejudicar a economia local.

Brexit e cidadãos europeus no Reino Unido

A primeira-ministra britânica Theresa May insistiu nesta segunda-feira  que os cidadão europeus poderão continuar no Reino Unido após o Brexit, mas o seu plano, que lhes impõe trâmites rigorosos, foi descrito pela oposição como inconcreto e pouco generoso.

O governo May apresentou ao Parlamento um documento de 15 páginas com sua oferta, similar ao que esboçou aos líderes europeus na semana passada. Segundo o texto, os 3,2 milhões de europeus que vivem no Reino Unido precisarão obter um documento de residência e terão seus direitos garantidos por cortes britânicas, e não europeias, o que desagradou Bruxelas. "Nenhum cidadão europeu que se encontre legalmente no Reino Unido será obrigado a ir embora. Queremos que eles fiquem", disse May.

O plano prevê que os europeus residentes há mais de cinco anos no país tenham os mesmos direitos sociais de saúde, educação e pensão que os britânicos, segundo um novo estatuto acordado. Contudo, os europeu vão precisar passar por um complexo processo burocrático de regularização, do qual estavam isentos. May prometeu que o Ministério do Interior está se esforçando para acelerar este trâmite. "Todos os cidadãos da União Europeia e suas famílias no Reino Unido, não importa quando chegaram, terão que obter um status de imigração, segundo a lei britânica", diz o plano. "Eles terão que solicitar ao Ministério do Interior uma permissão para ficar", afirma o texto, algo como um documento de residência.

May não estabeleceu a data a partir da qual começarão a contar os cinco anos de residência no Reino Unido - eles vão garantir a igualdade de direitos sociais -, mas repetiu que quem estiver há menos tempo será autorizado a gerir sua estadia.

Como havia dito em Bruxelas, recebendo críticas dos líderes europeus, May insistiu para que os direitos dos europeus passem a ser tutelados pela Justiça britânica.

 

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