Líderes europeus prestam homenagem ao ex-chanceler alemão Helmut Kohl
A União Europeia (UE) fez uma homenagem inédita e cheia de emoção ao ex-chanceler alemão Helmut Kohl, neste sábado (1º), com uma cerimônia no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (leste da França)
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Cerca de 20 chefes de Estado e de governo estavam entre os presentes no ato, um dia depois do falecimento de outra emblemática figura do europeísmo, Simone Veil, a primeira mulher presidente do Parlamento.
Vestida de preto e visivelmente emocionada, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, reconheceu o trabalho do "chanceler da unificação" da Alemanha.
"Sem Kohl, a vida de milhões de pessoas que, como eu, viviam do outro lado do muro não seria a mesma", destacou.
Coberto pela bandeira europeia e transportado por oito militares, o caixão foi instalado no centro da plenária da Casa para essa cerimônia sem precedentes na história da UE.
Diante do caixão, três coroas de flores: uma com as cores da República Federal da Alemanha; outra, em nome da UE; e a terceira, em nome de sua mulher, Maike Kohl-Richter, com a frase "In Liebe, deine Maike" ("Com amor, sua Maike").
"Kohl era um verdadeiro europeu e um amigo. A Europa deve muito a ele", disse antes da cerimônia o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Grande legado para Europa
Pai da reunificação alemã, arquiteto da ampliação da UE e arauto da amizade franco-alemã, Helmut Kohl faleceu aos 87 anos, em 16 de junho passado. Foi chefe de governo alemão entre 1982 e 1998. "Seu legado para a Europa é enorme", acrescentou Juncker.
É a primeira vez que a UE organiza uma homenagem dessa envergadura. Kohl foi nomeado um dos três "cidadãos de honra da Europa", junto com os franceses Jean Monet e Jacques Delors.
Na cerimônia, estavam 17 líderes europeus, entre eles a primeira-ministra britânica, Theresa May. Representando a Espanha, compareceram os ex-presidentes de governo Felipe González e José María Aznar, assim como os reis eméritos Juan Carlos e Sofia.
"Me despeço de Helmut Kohl na dimensão da amizade, da qual tinha um grande senso. Unia a confiança à amizade, rara espécie nas relações políticas", disse Felipe González em seu discurso.
"Tinha senso da história e, por isso, falava de uma Alemanha europeia, para nunca mais repetir uma Europa alemã. E tinha senso social. Estamos perdendo um grande europeísta. E eu tenho, pessoalmente, a sensação de perder um amigo, com o qual compartilhei momentos históricos decisivos. Para a Alemanha, para a Espanha, para a Europa e para o mundo", acrescentou o ex-presidente.
Também compareceram à homenagem o italiano Romano Prodi e o português José Manuel Durão Barroso, ambos ex-presidentes da Comissão Europeia e ex-primeiros-ministros de seus países; o presidente francês, Emmanuel Macron, e um de seus antecessores, Nicolas Sarkozy.
Macron e Bill Clinton
A chanceler Angela Merkel acompanhou a cerimônia da primeira fila, tendo a seu lado Macron e o ex-presidente americano Bill Clinton.
O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani; o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk; e Jean-Claude Juncker falaram na solenidade. "A pedido da viúva" de Kohl, também discursaram Felipe González, Bill Clinton e o premiê russo, Dimitri Medvedev. Os dois últimos discursos foram de Macron e de Merkel.
"Helmut Kohl foi um interlocutor privilegiado para a França, um aliado fundamental, mas foi mais do que isso: foi um amigo", declarou o presidente francês.
Após a fala da chanceler alemã, a orquestra e o coro universitário de Estrasburgo interpretaram o hino alemão e o hino da UE, encerrando a homenagem com a Sétima Sinfonia de Beethoven.
Na sequência, os restos mortais de Kohl foram transladados para Speyer, na Alemanha, onde o corpo será enterrado. Sua viúva não quis que fosse realizada uma homenagem fúnebre nacional.
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